quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Onde estão as minhas cores?


Uma brisa solta sopra no meu pescoço e eu reconheço a sua intensidade, a sua fragrância…sorrio baixinho para ninguém ver, ninguém ouvir.

Ouço sons que não me são estranhos e logo sei o que está para acontecer…os sussurros, as trincas na pele sem carne, a respiração mais forte, mais ansiosa, mas com uma calmia assustadora, talvez por estar onde queria estar, com quem queria estar…a vida é sempre tão complicada…

Olhos em olhares fixos, alguns distantes outros risonhos a perspectivarem um amanhã diferente ou um amanhã igual a anteontem…que anteontem fossem as nossas manhãs, as nossas despedidas nocturnas, ou as nossas insónias assim fossem passadas. Atracados um no outro, como se não houvesse mais ninguém há volta, e havia, há sempre no sentido literal e não literal da palavra.

Palavra, a palavra é chata, tornou-se convencional, igual a tantas outras que repetimos por dia e tão desnecessárias…mas apetece-me segredar-ta ainda assim, porque a segredo sozinha e acho que tu a ouves mesmo a quilómetros de distância, não são muitos…mas tu dizes que deve calhar na altura em que adormeces porque não a ouves.

Eu sorrio. Sorrio com quase tudo, ou choro com quase tudo. Diametralmente oposta ou controversa no meu ser, quase esquizofrénica no meu estar e tão lúcida no meu sentir.

Não acreditaria se não fosse em mim que tudo isto se conjuga.

Num minuto uma força inabalável, às vezes uma alegria rasgante, outras vezes uma dor dilacerante.

Sempre aos saltos. Pode ser que estes saltos, que são grandes, me levem ao céu, aos meus sonhos e à concretização deles.

Não deixa de ter beleza a minha vida, de ser um filme quase poético, quase romântico…não deixo de olhar para mim e ver beleza…perdida talvez…achada às vezes.

A vida podia ser menos complicada.

sábado, 15 de agosto de 2009

Palavras que me foram oferecidas


Palavras de Pablo Neruda: Na vida...
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da telivisão o seu guru. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos "is" a um redemoinho de emoções, exactamente a que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e o coração aos tropeços. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho. Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos. Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos. Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009