sábado, 22 de março de 2008

O QUE É ISTO??












Sinceramente custa-me a crer que alguém possa encontrar beleza nestes adornos e acessórios que mais parecem máscaras assustadoras de quem não se consegue ver ao espelho tal e qual como é. Questiono-me vezes sem conta de onde vem a necessidade de ser diferente, e só a uma conclusão chego, são simplesmente pessoas que não conseguem ficar satisfeitas com a normalidade, a sua e a dos outros.
Cada vez mais se tenta chocar...chamar a atenção, sentir-se comentado e até criticado, não importa, passar despercebido é que é impensável. Não será isto fruto de uma enorme carência afectiva, de um grande desiquilibrio emocional, de uma falta de auto-estima e amor-próprio atroz, de uma despersonalização...
Eu sei que ninguém gosta de medicamentos, de admitir que precisa de acompanhamento psiquiátrico... mas... Chamem-me conservadora, mas isto ultrapassa todos os limites estéticos possíveis e imaginários.

sexta-feira, 21 de março de 2008

AFINAL HÁ TANTAS DIRECÇÕES


Houve uma vez uma pessoa que, ao ver-me de olhos inertes a olhar o horizonte, me disse que quando se começa a prever uma tempestade mais vale abrigarmo-nos até que esta passasse. Pois lutar contra a tempestade, seria uma luta inglória.
Guardar as forças para lutas em que a possibilidade de ganhar se avista, é mais louvável. Lutar contra o mais forte, o inevitável, não era dignidade mas sim burrice.
É tão verdade quanto difícil de colocar em prática. A atitude é a de sobrevivência, mas a minha sobrevivência pode passar eventualmente apenas pelo vislumbre de vários destinos possíveis, e então quando o céu estiver menos cinzento seguir um rumo.
Afinal há tantas direcções!

A CIDADE DOS ANJOS


Andava a ver imagens, não procurava nenhuma em especial...encontrei esta...e parei, parei e revi o filme mentalmente minuto a minuto. E cheguei a uma conclusão, a óbvia do filme, mas vi para além desse óbvio, para além de um romance, para além de um amor impossível. Simplesmente vi...
Vi que na vida há momentos de desencontro total, pleno entre duas pessoas, entre o amor. Momentos que estranhamos pelas diferentes necessidades que de um momento para o outro nos surgem e achamos não poder conciliar com o amor. O amor é tão mais do que uma fase, é tão mais do que uma necessidade.
No amor e na vida, o que mais me entristece são os momentos em que mesmo que quisessemos alterar não tinhamos nada a fazer, não dependem de nós. Há realmente coisas que não estão nas nossas mãos, que não dependem de nós, eventualmente podemos ajudar, contribuir...não são imprevistos, os imprevistos são bastante previsíveis, por vezes nós é que não os queremos ver...são simplesmente mundos diferentes, paralelos que não têm como se colar, como se fundir.
Ele largou tudo por um amor, mudou a sua condição de vida e tudo o que a ela lhe estava inerente, ele lutou.
Foram felizes, estavam felizes.
Ela morreu, adoptou a condição de vida dele.
Ambos quiseram certamente voltar atrás no tempo, mas voltar atrás no tempo é impossível.
Ela quis morrer?
A decisão dele foi fácil?
Foi por falta de amor que se separaram?
O amor é tudo? É.
O destino é mais do que tudo? Definitivamente.

domingo, 16 de março de 2008

O NOSSO CONTO DE FADAS


Há muito, muito tempo, existia um reino mágico, repleto de castelos e de casas pequeninas; de campos verdes e florestas sombrias; de príncipes encantados e terríveis vilões... No final desse reino erguia-se um enorme precipício. Contavam-se muitas histórias assustadoras acerca desse precipício, e nem mesmo os dragões se atreviam a aproximar. Só um pequeno menino costumava lá ir, sentando-se numa daquelas rochas frias e ficando a observar o horizonte.
Certo dia, o menino decide levantar-se e dar um passeio. O céu estava muito escuro e a chuva não parava de cair, mas havia algo que o obrigava a continuar, o obrigava a percorrer um caminho até então desconhecido. Ele andou horas a fio, ora caíndo nas poças de água, ora fugindo delas...até que, de repente, algo despertou a sua atenção, um brilho intenso saía por entre as silvas! Num misto de espanto e de medo, ele foi-se aproximando com todo o cuidado, até perceber finalmente o que era: uma pequena caixinha, ainda fechada, e contendo as iniciais do rei. O que faria aquilo ali? - pensou ele.
Será que era um pedaço de lixo que o rei tinha simplesmente deitado fora? Ou talvez ele a tivesse perdido sem querer?!?
Não resistindo mais à tentação, pôs de lado todas as interrogações e decidiu abrir a caixa. O que viu deixou-o perplexo: a mais linda borboleta alguma vez vista, tão colorida como qualquer arco-íris.
Nesse mesmo instante, e como que por magia, o sol irrompeu por entre as nuvens, de tal forma que nem a chuva se atreveu mais a cair.
Desde aquele momento, tudo mudou na sua vida.
O menino passava horas e horas somente a observar a borboleta. Dedicava-lhe toda a sua atenção, sonhava com ela, contava-lhe os seus segredos... Tudo parecia perfeito, lindo, e mesmo quando tinha algum problema, bastava olhar para o sorriso da borboleta para que tudo melhorasse.
Aos poucos, porém, ele começou a compreender que não era justo da sua parte manter a borboleta fechada naquela caixa durante mais tempo. É verdade que a borboleta parecia estar tão feliz quanto ele, mas será que era mesmo assim? Ou será que voava para bem longe, quem sabe até se não mesmo para junto do rei novamente?
Foi então que o menino chegou a uma conclusão: a única coisa realmente importante era a felicidade da borboleta. Se ela fosse feliz, ele também seria feliz. E se essa felicidade implicasse perdê-la para sempre, então assim fosse.
Num gesto decidido, olhou uma vez mais para o sorriso da borboleta, e abriu a caixa...


Foste tu que escreveste, foi de ti para mim, e agora é de mim para
ti...

terça-feira, 11 de março de 2008

LEMBRO-ME DE TANTA COISA!


A propósito de um exercicício de saudosismo que li no blog de uma amiga (www.pechisbeque.blogspot.com) apeteceu-me de repente fazer o meu próprio exercício. Olhei para trás e vi este cenário:
07h00-toca o despertador, o qual desligo sem a menor preocupação, só penso em continuar quentinha a dormir;
07h30-começo a ouvir um outro despertador: os meus pais, gritos e vozes irritadas de um lado para o outro enquanto dizem: "Não posso chegar tarde ao emprego!!!Se não te despachas ficas em casa!" (quantas vezes...);
07h45-banho...bom...mas a cama estava bem melhor;
08h00-pequeno almoço, ou melhor, leite, o pão comia-o no carro;
08h30-toque de entrada, e a Rita (pareço um jogador de futebol...)lá ía não em direcção à sala, até porque até ao final do ano nunca soube o meu horário, muito menos as salas...mas sim em direcção às arcadas para fumar o meu cigarro matinal...;
08h40-já estou a abusar da sorte, é melhor ir indo...as arcadas estão vazias, geladas...vou para a sala;
08h45-cheguei, os olhares são sempre os mesmos,o hábito já não espanta e o próprio professor não liga. Torce o nariz, solta uma palavra menos agradável, mas nada que a descomunal soneira não apague em segundos da memória;
AULA-toca a pôr a conversa em dia, em comentar o(a) colega do lado...corriamos todos, até chegar ao professor e acabar em nós mesmas, pelo menos desde cedo aprendi a rir de mim!!
A seguir-ginática=café, cigarros e fofoquices...
ALMOÇO-batastas fritas a correr, lá ía eu e mais mil como eu pelo parque da cidade até à casa da minha avó, na sé da cidade...com um bocadinho de sorte o tal rapaz até ía para os mesmos lados, e se não fosse, iamos nós!!
TARDE-quase sempre livre, apartamento estranho, musica, cigarros, comida, roupa, rapazes, rapazes, rapazes... já mencionei rapazes?
Não? Rapazes...e...e...muita noite!! Combinada com uma semana de antecedência!
NOITE-telefone sempre ocupado,coitado daquele que tinha alguma urgência em falar com alguém cá de casa...telefono para uma, telefono para a outra, enquanto a primeira está a falar com outra qualquer..."Mas há assim tanto para falar?Não estiveram o dia todo juntas?" a voz consciente dos pais que teimavam em falar em contas telefónicas, algo que nem no nosso imaginário existia;
No dia seguinte normalmente estavamos vestidas com as roupas de uma, as nossas roupas noutra...e o dia nunca era igual...lembro-me dos feriados que passavamos no quarto de banho a fumar, com vergonha de o fazer nas arcadas...lembro-me dos paniques de chocolate bem quentinhos que queimavam a lingua mas que apesar das filas infernais, bastava eu aparecer para a Dona...(já não me lembro) me esticar o braço com o dito panique, atitude que provocava alvoroço, mas o panique já estava na minha boquinha!...lembro-me dos boicotes que faziamos aos professores, lembro-me de ir para a rua, lembro-me de reprovar por faltas e na semana seguinte já poder dar as mesmas, lembro-me de tirar 5 negativas no segundo periodo do meu 8.ºAno e de apenas por pirraça ao meu pai não tirar nenhuma no terceiro (a psicologia dele funcionou!), lembro-me de sair mais cedo das aula para ir ter com meu namorado à Escola Comercial...lembro-me de jogar às cartas nos testes de matemática, lembro-me se sair da sala pela janela, lembro-me de me cantarem uma serenata durante uma aula de ciências, lembro-me de me cantarem os Parabéns na rádio da escola, lembro-me de ser a maninha do melhor guitarrista de Viseu e de andar com os rapazes mais velhos e mais giros...lembro-me de levar um teste feito e após conseguir heroicamente trocar as folhas de teste, dar conta de que não era o mesmo, ou pelo menos não totalmente, daí ter passado a hora toda a riscar o que não interessava (era muito!), lembro-me de me sentar com os pés na cadeira "É assim que te sentas em casa?" "É", lembro-me de estar de mãos dadas com um amiguinho em todas as aulas de Geografia, lembro-me de chorar e de sentir o abraço forte de um namorado, amigo,que morreu mais tarde naquela estúpida mota em que eu sempre me recusei a andar...lembro-me de tanta coisa!!

sábado, 8 de março de 2008

QUEM ME DERA QUE EU FOSSE O PÓ DA ESTRADA


Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...


Alberto Caeiro

terça-feira, 4 de março de 2008

FOTOS...

Fotos que se encontram por acaso e que relembram momentos já quase esquecidos!Estava muito feliz neste dia. É impressionante como as fotografias marcam e estancam dias, horas, segundos, enfim...nesta vida tudo é tão assustadoramente fugaz, que acho que vale a pena ver e rever o que já passou.

domingo, 2 de março de 2008

ADORMECER


Quando não apetece ir para a cama dormir, porque não se quer dormir, simplesmente não se quer encarar que o dia acabou assim. Estamos sempre à espera de qualquer coisa que valha a pena ir pensar na almofada, com a qual possamos sonhar e aumentar pequenos detalhes e absolutamente deliciosos que podem surgir no dia seguinte.
Não há motivos para adormecer...pareço um bébé que só na exaustão, só no limite se deixa cair e adormece que nem um anjo. Apenas com uma diferença, o bébé geralmente não quer adormecer por estar a adorar o momento...eu não quero adormecer porque nem me quero acreditar que o final do dia seja novamente este, e a estúpida esperança deixa-me acordada.