sábado, 23 de setembro de 2006

TELEVISÃO PORTUGUESA

É com bastante perplexidade que olho para a televisão portuguesa, penso que seria tema a debater durante anos, não umas horas, dias ou meses não bastavam.
Nem tudo é mau, nem tudo é de baixissima qualidade, nem se pode tirar o mérito àqueles que trabalham, mesmo que, desculpem a dureza, em vão...Porque não é apenas preciso gostar de fazer televisão, para se fazer boa televisão, muito embora este seja um dos requisitos mais importantes, só pode! São muitos os requisitos que são exigidos, mas à partida há imensas pessoas fora deste panorama, aparentemente maravilhoso, ou porque não devem nada à beleza (existem pessoas feias, não me venham com falsas hipocrisias de que existe sempre algo de bonito...às vezes não existe mesmo, custa assim tanto a crer?), ou então porque não tiveram a cunha certa, ou melhor, não dormiram com a pessoa mais indicada, mas é uma questão de se ir tentando, e vai-se vivendo nem que não seja à custa de escandâlos (que não me deixam dormir...) que fazem o doce e a ternura das revistas fantásticas que nós por cá consumimos.
Este discurso, parece de uma pessoa que acabou de fazer um casting qualquer e que por motivos que não quer aceitar não foi a escolhida, e então toca a falar mal.
Não, não foi esse o caso, não fiz casting nenhum, nem farei enquanto as ofertas, e não falo de dinheiro, forem tão desprezíveis como até então o são. Enquanto houver comida na mesa, pode-se manter a dignidade, porque no país onde vivemos, mesmo que nasçamos com ela será absolutamente indispensável perdê-la, é a lei da sobrevivência.
Temos aí uma nova novela, ou série, não se sabe bem distinguir: "Jura", que dizem os nossos conhecidos da televisão, ser uma novidade em Portugal, o que discordo absolutamente, ordinarices já existem desde que me conheço, de púdica não tenho absolutamente nada, portanto não é por aí...o que os portugueses ainda não perceberam é que para mostrar sexo ao vivo e a cores, não precisam necessáriamente de esquecer todo o resto, o resto da novela, o resto da história, ou então que se assumam como actores de uma série eróctica a roçar a pornografia, já teria mais sentido.
Dá-me a sensação que todas as falas foram pensadas para um desfecho único: sexo, ou seja este não surge naturalmente, é com toda a certeza a base... Mete-me pena, aliás vergonha, "ver-nos" a fazer estas tristes figuras, gostaria de apelar à imitação, e não uma imitação com significativas readaptações, uma imitação integral.
Há uns tempos atrás quisemos ser rebeldes, e mostrar ao "mundo" que também discutimos, que também temos problemas, que as controvérsias da vida tocam a todos, nada melhor que o "Amo-te Teresa", uma óptima, linda, fantática curta metragem!Mais uma vez a história não interessa, o que interessa é demonstrar que não somos um povo conservador, pelo contrário evoluímos, portanto toca a dizer palavras como merda, puta, foda-se e caralho em televisão!Rebeldia no seu melhor, não acham?
Para culminar, não me contenho e tenho de focar a série mais educativa e didáctica de todos os tempos: "Morangos com Açucar", onde se aprende a melhor forma de mentir aos pais, como engatar e ir para a cama com um(a) míudo(a), as mais diversas maneiras de trair e estão incluidos amigos, como fazer uma sandes de erva, como apanhar uma valente piela...isto tudo até poderia passar por ficção na cabeça dos pobres adolescentes, se não fossem os media a confirmar que na realidade as personagens até são bastante levezinhas tendo em conta a realidade de cada um...atropelamento e fuga, anorexia nervosa, consumo de drogas, conduzir embriagado...
É, os portugueses são assim. Sofregos por mostrar tudo o que sabem naquele preciso momento, não sabem dosear, nem têm senso suficiente para admitir os seus próprios fracassos.
Televisão portuguesa?É uma mentira...só de pensar em como as pessoas se atropelam e nas vias fáceis pelas quais chegam ao topo, mais de cinquenta por cento da população interessada em seguir esta vida, irá apostar na formação?
"Deixa-me rir..."Bela música esta...

terça-feira, 19 de setembro de 2006

MAS...


Apetecia-me...mas... Porque há-de haver sempre um mas nas nossas vidas, ainda que muitas das vezes seja criado por nós, consegue assegurar sem dúvida que nada pode ser perfeito, quando talvez até possa.
A perfeição é olhada com desconfiança, com alguns arrepios, por isso mesmo é preferível que tudo ande somente no "mais ou menos", tal é o medo que a felicidade evapore e a queda seja brutal.
Ainda não encontrei ninguém que viva feliz, apenas porque o é pura e simplesmente, ou que tenha razões mais do que óbvias para o ser, mas que ainda assim, à custa da redoma que construiu à sua volta não o consegue ser...
De qualquer das formas, e mesmo sabendo que ao estar neste paraíso iria certamente encontrar com o que me queixar, queixas que posteriormente depois de saber que tudo tinha corrido bem se desvaneceriam... Apetecia-me...Tanto!!!

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

BATER À PORTA


Bato à porta sem cessar e de cada vez que bato esqueço-me da última vez que bati...deveria antes recordar, talvez para não bater mais, a porta não abre, sempre assim foi, sempre será, não sei qual é o meu espanto.
Espanto-me sempre, não me canso de me espantar, espero sempre que a situação se inverta e por algum motivo que no momento desconheço eu aceite essa inversão com confiança e acima de tudo com amor.
Com amor...esse existe, está lá, mas tão ferido por tantas e ao mesmo tempo pequenas palavras que para todo o sempre vão marcar a diferença..."ditas da boca para fora?", talvez nada seja dito ao acaso, ainda que esse nada surja simplesmento por mero acaso. Se as palavras nos saem da boca, essas palavras, saem-nos do coração, da cabeça...qual a diferença? Não as pensamos? Desconfio que nem cientificamente tal é possível, ou então, basta ler Freud e as suas célebres teorias dos famosos "recalcamentos".
Engraçado, agora lembrei-me, que bastou o facto de me sentir "íntima" de quase todos os filósofos, para fugir, para me afastar, para não querer saber, talvez pelo forte medo das palavras, daquelas que nunca diremos, porque em todos nós existe um lado obscuro, o qual renegamos, porque o conhecemos é óbvio...

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

A VIDA DÁ VOLTAS

Os meus olhos fecham-se com uma suavidade deveras assustadora para mim, talvez seja do cansaço, talvez da falta de paciência que tenho para quase todas as pessoas, talvez seja apenas eu, a esconder-me atrás de uma cortina, é tanta a luz como a escuridão, não consigo discernir qual prevalece, nunca sei...nunca soube...daí os passos tão incertos, apenas pensados, tornam-se por vezes em memórias, ou em atitudes contrárias, tal é o turbilhão de linhas e entrelinhas que me consomem sofregamente sem eu querer...
A vida assusta-me.
"As voltas que a vida dá!" Frase comum...um lugar comum que ninguém assimila, sobre o qual ninguém reflecte com a nitidez devida, porque às vezes vale mais mentirmo-nos do que encararmos a vida como ela é.
Todos procuramos o que não temos, queremos estar onde não estamos...e por aí fora, mas esta verdade é mais verdadeira para uns do que para outros, a diferença é que aquele que está no topo da escada raramente consegue ver o primeiro degrau ou quem nele está, ou até mesmo que um dia já lá esteve...
E depois fala-se de injustiça...todos nós nos sentimos injustiçados, sempre e com tudo, e não percebemos que a injustiça começa e acaba em nós, seria tão simples se as pessoas tivessem pura e simplesmente coragem para enfrentar "o touro pelos cornos", o problema é que regra geral o touro somos nós, e aí o caso muda de figura, porque sabemos, sempre soubemos e sempre vamos saber como viver a vida dos outros...
E a nossa?