sexta-feira, 30 de maio de 2008

AMELIE:)

De cada vez que ouço esta música, que ouço este piano, que revejo o filme na minha cabeça, que sinto esta Amelie dentro de mim e me revejo nela...iria certamente rever muito mais, se os meus medos não me escondessem tanto, não abafassem tanto a minha voz, não prendessem tanto os meus movimentos, não colocassem o meu coração numa prisão...tal é o medo de me magoar e de magoar, os dois grandes medos que persistem e que eu gostava de não os ter, que eu gostava de os perder, talvez até seria mais gratificante...perdê-los...

Tenho vontade de fechar os olhos e de dançar até à exaustão, de deixar as lágrimas correrem acompanhadas de um enorme e sincero sorriso, vai mais além de um sorriso e solta-se numa enorme gargalhada. Tenho vontade de fazer tanta coisa quando ouço esta música, mais ainda de sentir, espero vir a poder sentir ainda.

Porque é lindo demais quando se fala a mesma linguagem, quando não se precisa falar e apenas se comunica com um olhar às vezes fugidio, às vezes tão falador, às vezes tão sorridente, às vezes expectante, às vezes impossível de dispersar, impossível de ignorar.

O olhar vale isso e muito mais, reconforta a alma e aquece o coração. Intimida-nos de forma deliciosa e faz palpitar os nossos pequenos, grandes corações...que por segundos, momentos, pareciam mortos.

domingo, 25 de maio de 2008

CHUVA


A chuva é estranhamente triste, estranhamente desconcertante, estranhamente reconfortante, estranhamente assustadora, estranhamente meiga, estranhamente romântica.

Quem nunca se imaginou no sofá enrolado ao seu amor, a ver um bom filme num dia frio, cinzento de chuva?

Terminar o filme e permanecer ali sem horas, sem telefones...sem mundo lá fora, só o som da chuva a bater nas janelas?

Quem nunca experimentou deixar de se encolher e cerrar os olhos enquanto chove torrencialmente e simplesmente descontrair, deixar que a chuva nos molhe, molhe cada recanto do nosso corpo, dos nossos cabelos...sentir as pingas uma a uma, sentir as roupas coladas e ainda assim experienciar um prazer quase que viciante...porque por mometos não queremos saber de mais nada, se vamos ou não ficar doentes, se molhamos as roupas ou não...são raras as vezes que sentimos a liberdade de poder olhar para o céu, abrir a boca, esticar a lingua e sentir a chuva dentro de nós.


Experimenta:)

ZERO SEVEN

Gosto de ouvir está música, faz-me sentir calma e de alguma maneira possibilita-me entrar num sonho, no meu mundo dos sonhos.

Não sei porquê imagino sempre uma praia, não sei porquê sinto logo os meus pés enterrados na areia enquanto caminho à beira mar, regra geral cheia de frio...não sei porquê sinto o vento a despentear-me e vejo-me a desistir de o colocar certinho, até porque não gosto de nada que seja certinho demais, não sei porquê sei que não vou resistir à tentação das ondas, e não sei porquê faço-o sempre como se me estivessem a obrigar e eu não quisesse nada...não sei porquê sei que me vou sentar e fazer desenhos na areia ou até um tunel com pontes...sei que não é para a minha idade, mas não resisto, assim como não resisto a fumar um cigarro e a vê-lo ser consumido pelo vento e não por mim...sei que vou apanhar conchas e pedrinhas e que vou achá-las todas demasiado belas para não ficarem comigo, mas depois vou ter pena de algumas e achar que devem ficar ali, como se também elas sentissem e não se quisessem separar do mar...

Suspiro, respiro bem fundo e não consigo ter outra expressão na cara...a não ser um sorriso, talvez o mais meigo e feliz, mesmo que as lágrimas inevitávelmente escorram...

É bom demais estar na praia, sem ser no tempo dela...e bem acompanhada:)

VIDAS


Hoje acordei de manhã, o que para mim significa manhã e apetecia-me escrever, muitos temas surgiram na minha mente, talvez dessem bons textos ou bons desabafos...mas o que é certo, é que agora parece que tudo se esvaiu da minha mente. Sinto-me pequenina por várias razões, mas por me sentir pequenina, vou falar um bocadinho de mim enquanto pequenina, talvez o que menos importância tem, diante do que é sentirmo-nos perquenos, mas talvez o mais fácil de falar, embora não tenha tido uma infância particularmente fácil...mas não deixou de ser feliz...também já na altura se viviam momentos, mas eu ainda não sabia, talvez por isso não os soube digerir de forma a construir uma árvore mais forte e enraízada...
Resumindo:
4 Anos-chorava quando os meus pais saíam de casa, achava que não íam voltar mais. Geralmente ficava na janela a dizer o meu último adeus. Para contornar a situação ficava encarregue de coisas estúpidas mas que na minha mente asseguravam que eles regressassem, como ficar com a chave de casa.
A certa altura, a minha fasquia subiu...e ficar com a chave de casa já não me satisfazia muito, daí que decidi começar a preparar as refeições. Como tudo era preferível às minhas birras, a Tila (a ama) deixou-me fazer o almoço. Lembro-me como se fosse ontem, é impressionante, eu em cima de uma cadeira a colocar um peixe do aquário dos meus pais na frigideira. Foi a última vez que preparei refeições.
5 Anos-1.ªclasse, primária, colégio, freiras...humm...Na altura padecia de dois problemas muito graves quanto a mim: já sabia ler e escrever, algo que os meus pais ainda não tinham dado conta...não sei como aprendi, simplesmente já sabia...mais ler do que escrever...mas safava-me...o problema estava que ninguém da minha idade, pelo menos na minha turma o sabia fazer, então era impossível por mais que eu lesse fosse o que fosse que me pedissem numa tentativa desesperada de demonstrar que não estava a mentir, eles não podiam confirmar!!!
O segundo problema...era e fui completamente gaga até à 4.ªclasse, ou seja, demorava uma eternidade para dizer uma simples frase...a professora, ou melhor, a irmã, achava por bem mandar-me ler sempre a mim...relembrando mais parecia uma música com gargalhadas como refrão do que a leitura de um conto de fadas qualquer.
Em reunião, decidiram colocar-me na 2.ªclasse...só estava a perder tempo na primeira...lembro-me na altura do meu pequeno nariz empinado a abandonar a classe!Para passado umas semanas regressar...passava intervalos sozinha porque as brincadeiras não eram as mesmas.
De novo na 1.ªclasse...mas agora com uma postura completamente diferente, tornei-me numa criança, diria diabólica!:) Inventava histórias de terror e batia em algumas meninas...aquelas que não confirmavam serem as minhas melhores amigas nos vários interrogatórios que fazia semanalmente a cada grupo...bem...
9 Anos-4.ªclasse...da noite para o dia, literalmente, depois de consultar médicos e nada ter dado resultado, eis que acordo a falar com a maior das fluências...também não sei porquê, já que nos dois anos seguintes pouco falei...ciclo...eram raras as vezes que não ia a chorar para as aulas.
Os meninos eram maus...não entro em pormenores...e num ataque de fúria dei um estalo a um, o que eu mais temia, ele caiu, não foi pela força quero crer, deve ter escorregado. E enquanto eu me regozijava, o miudo sem eu dar conta levanta-se e sem eu dar por isso estava encostada à parede a levar o troco...oh!Chorei tanto...
Saltando 7.º, 8.º e 9.º Anos...porque aí haveria mesmo muito para falar. A brilhante aluna a matemática acha por bem seguir Economia...Passei de ano...mas não passei a matemática, como era mais do que óbvio...Felizmente ouvi as palavras do bro e resolvi andar um ano para trás...Humanidades foi a escolha.
Saltando 10.º, 11.º, 12.º Anos, demais para contar...não hesito em colocar Sociologia Coimbra como primeira opção, não sei bem o que é que eu queria provar e a quem, mas desconfio...
Um ano. Um mau ano. Um ano mau.
Mudar de curso, cidade...era urgente.
Viseu História.
Mestrado Coimbra.
Mestrado Viseu.
Indecisa?Nãoooo....

Mas o meu sonho mesmo era que naquela altura se tivesse feito luz na minha cabeçita e tivesse seguido Teatro, a minha verdadeira paixão:)

quinta-feira, 22 de maio de 2008


Não é um texto...

Não é uma afirmação...

Não é uma ironia...

Sim, é uma pergunta...

Existem acasos?


Curiosidade de uma pessoa que por sinal não é curiosa:)

É que a mim surgem-me mil respostas, complexas, cheias de ideias e de "se", e... Gostava de vos ler...
P.S.- A foto não é ao acaso :) Vou tentar não comentar...

terça-feira, 20 de maio de 2008

QUEDAS


É certo e sabido, digo, é do senso comum que todos nós vivemos num limbo, numa corda bamba ou espécie. Quem se acha seguro do amanhã, aliás do hoje, de tudo e de todos, e de especialmente dele mesmo...só me resta desejar muito boa sorte. Porque tudo é passível de mudar de um dia para o outro, minuto a minuto...vivemos e renascemos constantemente e às vezes das piores maneiras.

Sempre soube que a vida é um risco, e que todos os dias eu arrisco, arrisco-me a cair e a magoar-me a sério.

Já caí. Mas as quedas são sempre diferentes. Os ensinamentos dessas quedas igualmente...E quando pensamos que já não existe queda que nos possa magoar mais, eis que ela nos surge, nos confronta frontalmente sem dó nem piedade e exige de nós uma reacção, uma reacção rápida, de preferência que nos ampare a queda.


Desequilibrei-me e caí. Dia após dia, nesta fase de renascimento...dei-me conta que não tinha rede, nem uma simples almofada para amenizar a dor da queda desse lugar tão alto que é o amor.

Caí.

Resta levantar-me. Não sei se quero. Não sei ainda de que forma quero. Apenas sei que desisti.

Fica na memória que tenho de olhar para baixo mais vezes e ir preparando para uma eventualidade, uma cama que me conforte nestes momentos. Porque por enquanto estou apenas a conjecturar uma forma de construir uma rede. Acho que se chama a isso crescer.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

HÁ DIAS...


Há dias...
Dias assim deviam existir sempre...
Dias assim que não deviam sequer mostrar-nos a luz do sol...
Dias vazios, cheios, ocos, leves, suaves, duros, despidos, vestidos de cores, pintados com rabiscos...simplesmente são dias...
Num dia sinto-me eu...não sei se gosto, passo o dia a olhar-me por dentro, sempre com a infinita discrição que tanto me caracteriza e que eu cada vez menos a suporto. Olho e volto a olhar, vejo o que não quero, o que não queria, e aprecio silenciosamente a frustração do que gostaria de ser, acompanhada da dor de saber que jamais serei um ser diferente.
Num dia não sou eu...tento ocultar o meu eu e ser o meu oposto, o meu outro eu, que não existe e eu sei não existir, mas cobardemente sinto-o como um vento leve que me toca na cara, e agarro-o, e sorrio ao feio, ao que não gosto, ao que não quero, ao que me apetece gritar, expulsar das entranhas. Dura pouco...dura o tempo que eu quiser, que é nenhum.
Num dia sou uma desistente...quero desistir até do que não iniciei, quero dizer não quando ninguém quer ouvir um sim, quero fugir quando ninguém me quer agarrar, quero fechar-me quando não encontro uma porta para me trancar...as fechaduras estão estragadas, com ferrugem de anos e anos de vida aberta, assim como um livro que de tanto tempo ficar naquela página deixa de ser o mesmo, a marca fica, a marca ficará e para sempre...
Num dia inspecciono o passado para mudar o presente, mas esqueço-me que não tenho grande esperança no futuro e quando dou por mim luto a brincar, é uma luta "faz de conta", sei que não quero sequer ganhar...e fico paralisada como desde criança ficava.
Num dia olho ao espelho e vejo anos e anos passados, porque não é preciso sermos velhos, no sentido literal de palavra, para assim nos sentirmos. Tento perceber dentro do meu olhar o que poderia ter feito, ou fazer e até que ponto vou a tempo...é sempre tempo de morrer, mas para viver determinadas coisas há tempos.
Num dia vejo-me reflectida em montras, em espelhos de carros...e vejo uma pessoa feia, uma cara feia...uns olhos eternamente tristes, um sorriso difícil de ser algum dia um na sua plenitude. Sou feia e quero ser outra, e nas outras vejo beleza, mais do isso alegria de viver.
Tantos dias, tantos sentimentos num só dia...tantos estados de espírito...
Fica a certeza que temo ser injusta para com o meu Deus, de ser infantil para com os que me amam...de um dia olhar para o agora, e nem que esse dia seja amanhã e desejar ardentemente apagar com uma borracha todos os meus pensamentos, um a um, tudo o que invade a minha alma e que eu não falo, e que eu não grito...com medo.
Tenho medo.

terça-feira, 13 de maio de 2008

TRIBALISTAS

Se eu fechar os olhos e embalar-me nesta música, as recordações são tantas e tão doces, que só apetece sorrir, mais do que isso voltar para trás. É um desejo tão forte, tão sincero...que fico com inveja de mim mesma, de como e do quanto já fui tão feliz.

Regra geral punhamos a música para namorar:)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

SE EU NÃO TE AMASSE TANTO ASSIM...


Meu coração sem direção
Voando só por voar
Sem saber aonde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas que hoje eu descobri no seu olhar
As estrelas vão me guiar


Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

Hoje eu sei
Eu te amei
No vento de um temporal
Mas foi mais
Muito além
Do tempo de um vendaval
Dos desejos num beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

(Ivete Sangalo)