terça-feira, 20 de maio de 2008

QUEDAS


É certo e sabido, digo, é do senso comum que todos nós vivemos num limbo, numa corda bamba ou espécie. Quem se acha seguro do amanhã, aliás do hoje, de tudo e de todos, e de especialmente dele mesmo...só me resta desejar muito boa sorte. Porque tudo é passível de mudar de um dia para o outro, minuto a minuto...vivemos e renascemos constantemente e às vezes das piores maneiras.

Sempre soube que a vida é um risco, e que todos os dias eu arrisco, arrisco-me a cair e a magoar-me a sério.

Já caí. Mas as quedas são sempre diferentes. Os ensinamentos dessas quedas igualmente...E quando pensamos que já não existe queda que nos possa magoar mais, eis que ela nos surge, nos confronta frontalmente sem dó nem piedade e exige de nós uma reacção, uma reacção rápida, de preferência que nos ampare a queda.


Desequilibrei-me e caí. Dia após dia, nesta fase de renascimento...dei-me conta que não tinha rede, nem uma simples almofada para amenizar a dor da queda desse lugar tão alto que é o amor.

Caí.

Resta levantar-me. Não sei se quero. Não sei ainda de que forma quero. Apenas sei que desisti.

Fica na memória que tenho de olhar para baixo mais vezes e ir preparando para uma eventualidade, uma cama que me conforte nestes momentos. Porque por enquanto estou apenas a conjecturar uma forma de construir uma rede. Acho que se chama a isso crescer.

4 comentários:

zé pinho disse...

bem, pelos vistos 'não sou o único a olhar o céu'... é brutal a sensação de ficar sem chão, não é? já tinha ajudado amigos que passaram por situações semelhantes... mas passar pela experiência é factualmente diferente... é mostruosamente insuportável...

beijo

Dalaiama disse...

É curioso como as pessoas não se conhecem pessoalmente mas estabelecem vínculos através da blogosfera.
Por tudo o que de genuíno e colorido escreves na net, eu aprendi a ver-te como uma pessoa boa, inteligente e sensível Rita. Entretanto noto no teu blog uma certa angústia, e às vezes dou por mim a pensar que gostava de te ajudar a superá-la (mas afinal quem sou eu? Apenas um ser humano sem poderes divinos).
Quando sais do teu blog revelas melhor uma alegria divertida que existe forte em ti. Isso é bom. É positivo veres e saberes que esse teu lado existe. É bom lembrares-te sempre dessa qualidade em ti!
:-)
Rita, eu venho tendo a impressão de que tu atravessas uma fase de luto. Todos nós em diversos momentos passamos por fases assim. São ocasiões em que nos questionamos muito, reciclamo-nos e reorientamo-nos. É quando a angústia demonstra que até pode ser construtiva.
:-D
Isto tudo para dizer que fico contente por ler posts teus como este. Aqui tu demonstras a força que tem a energia positiva dentro de ti. Aceitas o passado e, assim, também o futuro. E principalmente vives melhor o teu presente, que é tudo o que nós temos. Tudo se vai compondo, sem ansiedade, com calma, com esperança. O palácio reconstroi-se.
O luto tem um tempo de ensinamento. Cada um sabe do seu prório tempo. No teu caso, esse tempo pode ou não estar a chegar ao fim. Só tu é que sabes. Segue o teu ritmo. Ouve a voz da tua serenidade interior. A mesma voz que pratica a expressão neste post.
Bom, cada um sabe de si. Espero que não me tenhas achado intrusivo. Desejo-te a Paz merecida! Fica muito bem.
;-)

Dalaiama disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dalaiama disse...

Rita :-) ainda bem que o meu comentário não foi mal recebido. Desejo que estejas bem, tenho visto que sim e isso é o mais importante. ;-)
Quanto à consideração que fazes acerca das identificações, eu próprio já pensei nisso. Ainda que na internet tudo possa ser adulterado, porque também não se pode ter a certeza de que a pessoa com quem se fala more onde diz que mora, tenha a idade que diz que tem, enfim, seja quem diz que é, a verdade é que já me senti desconfortável diversas vezes por ter de me esconder atrás de uma identidade de rua. Parece que estou a ser desleal, quando na verdade quem me conhece pessoalmente saiba que a lealdade e a integridade são valores caros para mim.
O que é facto é que há uma razão para isso: na minha opinião pintar na rua até embeleza os espaços públicos e torna-os mais interessantes, e simplesmente estou cansado de ter problemas com as autoridades por fazê-lo.
Bem, como é a primeira vez que me falam no assunto, vamos experimentar o seguinte, se achares bem: manda-me um e-mail com uma morada de origem para que eu te possa responder.
Vais ficar surpreendida, acho.
Se o não fizeres, também está tudo ok.
:-)
Que tudo te continue a correr bem!