quarta-feira, 15 de agosto de 2007

MORTE


Quando a morte nos é familiar, a nossa percepção do mundo muda, tudo muda à nossa volta, talvez porque a partir desse fatídico momento constatemos a mais pura das verdades e a mais dolorosa: acontece a todos. E aí apercebemo-nos que fazemos parte integrante desse "todos", ao qual não gostariamos de pertencer apenas nesse aspecto em particular.
Ninguém está preparado para morrer, é sempre cedo demais, ainda temos tantas coisas para fazer, para mudar nas nossas vidas e o desejo de recuar atrás no tempo é forte, forte e cruel na sua impossibilidade. Às tantas não fariamos nada diferente, não seguiamos rumos diferentes, talvez só exista mesmo um que nos é entregue à partida, mas mesmo assim, mesmo tendo que passar por todos os sofrimentos não nos importávamos, porque fomos programados para viver, encontrar o desconhecido conhecendo e com a mão que sempre está próxima. Todos tememos o escuro quando de olhos fechados, ainda que de olhos abertos não se vislumbre grande coisa, ou mesmo nada, mas a simples consciência que podemos mudar esse detalhe...muda tudo...Quando algo nos foge ao controle o pânico instala-se, porque não confiamos em mais ninguém que não seja o homem, que não sejamos nós, porque não temos fé...porque não temos fé suficiente, e já não digo em Deus, mas em nós mesmos.
Vivemos uma vida inteira com medo da morte, da nossa, da dos que mais amamos e que não conseguimos jamais imaginar a nossa vida sem eles...ao mesmo tempo temos consciência que um dia será o nosso dia de partir, não é apenas a consciência, temos a certeza. Mas ainda assim, optamos por nos recordar de que isso nos vai acontecer e perder os momentos em que também temos a certeza de estarmos vivos a pensar no fim...O medo é tanto que preferimos pensar que não sabemos e que talvez as coisas não sejam bem assim, a negação é tanta que para nós isso não acontece acontecendo.
Às vezes dá-me a sensação que o ser humano tem uma inteligência absolutamente emocional, a ponto de conseguir esconder, enublar por uns tempos a certeza mais certa nesta vida. Será que não há uma maneira de matemáticamente equacionarmos a morte com normalidade? Por isso sempre preferi escrever a fazer contas, sinto-me mais inteligente, gosto da arrogância que isso me confere, não sobreviveria sem a capacidade de sentir em pleno, de cair no fundo do poço pelo que muitos acham pouco, sem a capacidade de ironizar e de discutir com o mundo...mesmo havendo equações matemáticas, a essência do ser humano, a sua fragilidade, o seu destino...nós mesmos, no fundo dos nossos mais intimos pensamentos, sentimentos...iremos sempre chorar desenfreadamente, sentir um aperto no coração...e não compreender, nem querer compreender a morte.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

SAUDADE


Saudade. Quem nunca sentiu saudade. Saudade de alguém, saudade de um lugar onde já fomos felizes. Saudade daquela música que nos fazia mergulhar profundamente num oceano de sonhos, lembranças, cheiros e palavras que nunca foram desditas, outras que nunca chegaram a ser cumpridas, outras tantas que naquele momento gostariamos de ter ouvido, mas o silêncio preencheu a razão, a música terminou.
E a saudade que se sente da infância, do mundo em plena construção que tinhamos pela frente, afinal tudo esteve sempre nas nossas mãos, afinal sempre fomos só nós, e quando não o fomos? Saudade do que poderiamos ter sido.
É possivel sentir saudades do nada, de nada...sabemos que é de algo, mas não sabemos de quê, não conseguimos materializar, mas o sentimento é o mesmo, não se depersonaliza, não se desvirtualiza, está lá, e o nosso coração, o nosso maior confidente bate de saudade.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

VENTO...


Desde pequenina que sempre gostei do vento. Podia fazer chuva ou sol, desde que houvesse vento o dia seria perfeito.
O vento é perfeito, podemos senti-lo no cosso corpo e deixarmo-nos embalar em sonhos profundos e sorridentes, podemos cheirá-lo e sentir a terra dentro de nós, podemos voar e deixar que seja ele que decida por nós, deixar que nos encaminhe ou nos mostre o caminho, podemos vê-lo nos ramos gigantes de árvores inquietas que abanam como se um adeus nos dissessem, podemos vê-lo nos cabelos que teimam em nos tapar a cara, nas saias que esvoaçam...em tudo o que estava preso e passa a ser livre, passa a ocupar outros espaços, outras mãos.
O vento é algo que sem se tocar nos toca, é algo que aparece e desaparece sem por isso darmos conta, só surge quando lhe apetece, num misto de vontade própria e orgulho só passa por onde lhe convém.
O vento é como as pessoas mais importantes das nossas vidas, não o precisamos de ver, não o podemos prender ou guardar em qualquer caixinha ou masmorra para sempre, não podemos exigir a presença dele, não podemos afastá-lo quando assim bem queremos...O vento é como as pessoas mais importantes das nossas vidas, não o precisamos ver...mas está e estará sempre lá, nunca deixará de existir e nunca o esqueceremos. E quando ele regressa acabamos sempre por abraçá-lo mesmo que tenhamos a consciência plena de que ele irá embora, de que ele tem uma vida própria, de que não podemos ser donos dele, e de que acima de tudo, antes de nos tornarmos dependentes dele, já sabiamos que isso seria apenas imaginação nossa. Ele avisou-nos. E nem precisava.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

SEM TITULO


O que se faz quando depois de escrever um grande texto, uma simples tecla o anula? Voltar a escrever o mesmo em busca das mesmas palavras que nos saíram não sabemos bem como? Escrevê-lo melhor? Como? O nosso melhor texto, as nossas melhores palavras são aquelas que nos surgem no momento, naquele instante, o texto que a estranha tecla em que cliquei sem querer anulou, já faz parte do passado, já não existe em mim, já não faz sentido. Porque tudo na vida tem prazos de validade, e em algumas coisas é ultrapassado numa questão de
minutos.
Agora não saberia escrevê-lo, saíria algo de formal, uma constatação, um texto quase que científico, quando o que eu mais gosto é de divagar.
Mais de metade do que escrevo, para além de não ter sido pensado nem com um minuto de antecedência, não tem qualquer sentido, ou melhor, faz mais sentido para quem lê, do que para mim que escrevo, e a escrita sai-me do coração, talvez daquelas profundezas da alma que não se falam, que não se querem ir buscar para as não tornar ainda mais verdadeiras no nosso pensamento. Porque a verdade às vezes é penosa. Porque a verdade é quase sempre constrangedora. Porque não queremos ouvir a verdade. Talvez seja por isso que todos nós sem excepção viva uma grande mentira, para a qual todos os dias contribuimos de forma positiva até se tornar na verdade que queremos ouvir.
O ser humano tem pouco, ou quase nada de racional, só o facto de termos sido nós a fazermos a distinção do racional/irracional, diz tudo, somos suspeitos à partida. Ninguém gosta de diariamente constatar as limitações do nosso cerebro. Cada vez menos acredito nas pessoas, cada vez menos acredito em mim. Cada vez mais idealizo um mundo que não existe e que sei que não vai existir, talvez seja esta minha consciência que me separa dos ditos loucos, e não sei se ainda bem. Pelo menos os loucos acreditam na sua loucura e não na dos outros e normalmente não puxam os outros para a sua loucura, vivem-na intensamente sozinhos, mas vivem e vivem bem.
Para mim um louco é uma pessoa demasiado sensivel para aceitar viver neste mundo, e na impossibilidade de o mudar, muda-se a si próprio e nesse seu mundo alheia-se do que o sempre magoou e alegra-se com o que a vida tem de bom para lhe oferecer. Sempre quis acreditar que os loucos são mais inteligentes do que os ditos normais, no fundo a loucura é a sanidade levada a um extremo tão grande que nós os ditos normais, os ditos racionais não suportamos e vivemos assim na maior loucura, no epicentro da loucura.
Nós já não somos nós há muito, não sei bem desde quando, acho que varia de pessoa para pessoa, mas de certo cada vez mais cedo deixamos de o ser. Todos nós o sabemos, todos nós o negamos, todos nós nos desculpamos com o facto de a vida ser assim mesmo. Questiono-me será que é?
Às vezes tenho a sensação de estar a ser comandada por outros tantos. Sinto-me fraca por isso. Vou tentar sntir-me forte comandando outros tantos. É um ciclo sem fim que só termina com sobreviventes e nada mais.
E ía eu falar de insónias e do que nos passa pela cabeça quando os olhos teimam em não fechar e ficam obcecados com a escuridão do quarto, onde nada se avista, onde tudo se vê...Mas talvez não tenha sido esse o destino e o clique proveniente das minhas mãos pouco precisas levou-me a falar sobre não sei bem o quê, palavras sem título que o meu coração foi ditando, mas talvez palavras que me apeteciam dizer, escrever.

terça-feira, 5 de junho de 2007

DAVE MATTHEWS BAND - LOVER LAY DOWN


Spring sweet rhythm dance in my head,
And slip into my lover's hands
Kiss me, won't you kiss me now?
And sleep I would inside your mouth

Don't be us too shy,
For knowing it's no big surprise that
I will wait for you
I will wait for no one but you

Oh please lover lay down
Spend this time with me,
Together share this smile
Lover lay down

Walk with me, walk with you
Hold my hand your hands
So much we have dreamed
And we were so much younger
Hard to explain that we are stronger

A million reasons, life to deny
Let's toss them away
See you and me we
Lay down, look see,
She and he
By my lover's side,
Together share this smile,
Each other's tears to cry
Together share this smile
Lover lay down

Oh please, lover lay down
Oh please, lover lay down
And you weep...
Lover lay down...
Cause it's over...
Lover lay down

Say lover, say lover, say lover, say lover, say lover,
Could I love you could you love me?
Could I love you could you love me?
Could I love you could you love me?
Could I love you could you love me?

Darling, it's all the same
All the same
All the same
All the same...
'Til we dance away

Chasing me all around
Leading me all around in circles
Chasing me all around
Leading me all around in circles
Say...

Não tocaram esta :(

sábado, 26 de maio de 2007

CONCERTO DAVE MATTHEWS BAND!!!!!!!!!!!!!!!!!






Ontem sem dúvida foi um dia memorável, um dia único, um dia para recordar para sempre! Não estou a exagerar, simplesmente são poucas as coisas, as pessoas, os artistas de quem realmente gosto...Dave Matthews Band é com toda a certeza um grupo recheado de génios, gigantes do palco, solam à desgarrada com um prazer que aquece qualquer público, com um feeling que nos faz levantar e dançar até não podermos mais, que nos obriga a bater palmas até as mãos ficarem dormentes, que nos faz gritar até ficarmos roucos e que...e que até nos faz chorar.
Quando somos presenteados com músicos deste género, que prolongam até à exaustão dos nossos ouvidos e mentes melodias harmoniosas que terminariamos após três cinco minutos, apetece sorrir, faz-nos repensar nas bandas que andamos a ouvir ultimamente, ou nas músicas que diáriamente nos entram e ficam sem sabermos muito bem porquê, como uma espécie de droga, uma espécie de mistura quimica preparada ao milímetro para nos sugar e despersonalizar. Uma música pensada para nós, mas que não sai do coração dos artistas, dos músicos.
Comparo a música a um gato...são os gatos que escolhem os seus donos e não o contrário. E é assim que deve ser na música, não é um doce feito propositadamente para determinadas pessoas, é um doce que foi feito porque o adoramos, porque nos deu imenso prazer a fazer, independentemente das pessoas gostarem ou não dele, isso é um mal menor.
E se olharmos para trás, para aqueles que vieram revolucionar a música, para os rebeldes, rebeldia na verdadeira acepção da palavra, esses tocavam, cantavam o que lhes desse na real gana! E é isso que eu gosto nas pessoas. Personalidade. Carácter. Lutar por aquilo que acreditamos até ao fim, por mais portas que se fechem, por mais portas que nunca se abram.

Um grande APLAUSO a DMB!

Um grande APLAUSO a todo o público que ontem no Pavilhão Atlântico (Lisboa) assistiu a este inesquecível concerto!


Se não conhecem é urgente ouvirem. E lembrem-se que o que tem realmente qualidade não se costuma gostar à primeira. É como um bom vinho, tem que amadurecer :)

domingo, 20 de maio de 2007

CASA DE MADEIRA...


Estou com sono, diria mesmo que já estou adormecida, dormente. Mas juntamente com essa dormência, com esse estado de passagem, de quase delírio, não consigo deixar de pensar no que ou outros estarão a fazer neste momento, o que estarão a pensar e se simplesmente estão em casa, prontos para fechar os olhos...em vão, temo que não vá sonhar com o que sonho de olhos bem abertos.
Gosto de sonhar, não luto por todos os meus sonhos, alguns implicariam deixar de ser eu, para além de a linha entre um sonho e um pesadelo é demasiado ténue, mas desta vez um pesadelo real, que não se fica na ângustia de angustiar, de nos deixar felizes por acordar.
Mesmo tendo certezas de que um dia não terei nada disto...
Gostava de ter uma casa de madeira, compartimentos grandes tornados pequenos pelo aconchego dos sofás, das almofadas, da lareira quente, do cheiro a café acabado de fazer, dos livros que vão a meio, dos filmes em capas trocadas, de maços de tabaco econtrados ao acaso...
Essa casa de madeira teria de ter janelas grandes, que deixassem as cortinas claras deixar entrar o sol numa luminosidade quente e relaxante...
Estou de pijama, roupa interior, roupão...simplesmente não estou vestida e os cabelos não se sentem nem no pescoço, nem na cara...abro a porta e sento-me na velha cadeira-baloiço que está sempre no gigante alpendre, quer chova quer faça sol.
Olho atentamente o lago que está bem à minha frente, tão presente que quase o sinto a tocar nos pés...
Escrevo no meu portátil aquilo que me vem à cabeça, sem objectivos nem compromissos...desligo os telemóveis, aviso a minha mãe desse facto, para não se preocupar, e vou nadar...mergulho e afogo-me nas águas límpidas que dão vontade de abraçar e de ali ficar para o resto das nossas vidas.
Serenidade, paz...silêncio escolhido por mim...Era o que eu mais gostava...
Vou agora fechar os olhos na esperança de dar continuidade a um sonho tão bonito...

sábado, 12 de maio de 2007

IDEIAS...


Passam-se dias de introspecção, mais noites, noites sem dormir gastas de tanto pensar, exaustivas de tanto rebolar na cama que parece não oferecer o conforto que procuramos e procuramos e não encontramos nunca, naquela noite pelo menos não, e as seguintes também não são diferentes.
Passeamo-nos pela rua com um propósito esquecido, ainda que os nossos pés mecanicamente se encaminhem para o lado, para o sítio combinado, previsto. Vamo-nos lembrado do que temos de fazer através das várias interrupções feitas pelas pessoas alheias, alheias à nossa mente, à nossa imaginação que voa desenfreadamente tentando contornar obstáculos típicos de qualquer sonho.
Impossibilidades que se vão tornando em possibilidades cada vez mais reais, é quando esboçamos um sorriso descontextualizado, que por sinal toca nos outros de maneira imperceptível, mas toca, ao ponto de provocar outro e outro, talvez uma gargalhada surja no meio de uma conversa que já fugiu ao tema, que se deslocou no tempo e por isso se tornou em algo de interessante. Porque o convencional é aborrecido até mesmo para os aborrecidos.
Os problemas, na hora do jantar, depois de um telefonema, depois de um pezinho de dança às escondidas, depois de um ou vários cigarros fumados ou desperdiçados, simplificam-se. A impaciência trata de reduzir o máximo ao mínimo e quase que se faz luz.
Mas a caminhada é longa, morosa e cheia de dissabores.
Não sabemos com quem falar, ainda nada está estruturado, não faz sentido, vai desmotivar sem ainda sequer ter motivado. Porque as pessoas se desmotivam com rabiscos e motivam-se ao aperceberem-se que esses rabiscos são tão somente os seus rostos desenhados por alguém com uma perspectiva superior à nossa, ou não, para fazer rabiscos...
Sentamo-nos à frente destas teclas e escrevemos um fio, que não tem meio nem fim, tem apenas um começo mal delineado e passível de ser alterado se entretanto nos lembrarmos de um bom meio ou de um bom fim. Quantas vezes não se escreve um livro, por exemplo, unica e exclusivamente tendo em conta o fim que queremso ler, às vezes são as dez páginas do livro entre as duzentas a que se pode chamar livro. Porque as pessoas gostam de empunhar calhamaços e gostam de ler letras moídas de tão mastigadas e previsíveis de um fim que se anuncia e por vezes nem sequer é lido. O leitor não leu portanto o livro.
Ouvimos músicas e vemos filmes que nos inspirem, na aspiração de ter uma ideia melhor ou parecida mas que aplicada noutra área pode surtir efeito.
Nada...Nada...
Resolvemos parar e normalmente nestas alturas surge alguém com uma ideia que a poderiamos ter posto em prática já há muito, mas não pusemos porque procurámos demasiado, desacreditámos na simpicidade das coisas. Agora voltamos a acreditar, mas não conseguimos chegar até à simplicidade, ao simples.
Desmotivamos e começamos a achar que afinal pertencemos à plateia e com um bocadinho de sorte talvez possamos opinar.
Quando tudo está esquecido e a mágoa de nos sentirmos fracassados se instala, surge a ideia, a tal, com toda a clareza, leveza e luminosidade.
É preciso arranjar forças, convencer outros tantos a tê-las e subir ao palco.
Os aplausos ecoam pelo espaço, nós fazemos a vénia. Uma vénia sincera. O grande momento de sinceridade e de verdadeiro agradecimento.
A adrenalina sobe e não nos deixa dormir. Queremos mais! Queremos mais aplausos! Queremos mais ideias que nos torturem e nos sufoquem e nos façam parecer alienados do que nos rodeia! Queremos ter a ideia de termos uma ideia! É essa a ideia fundamental.

domingo, 6 de maio de 2007

JORGE PALMA


Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
chega a onde tu quiseres mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar a gente não vai parar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar a gente vai continuar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo


Jorge Palma

domingo, 29 de abril de 2007

GIBSON LES PAUL

Estamos nos anos 50, em dada altura um senhor chamado Les Paul decide tentar a sua sorte, como tantos outros o fizeram apresentando o seu modelo de guitarra eléctrica à conhecida empresa de guitarras Gibson.
O mundo sempre foi feito de modas, nós mesmos somos de modas, e cabe claro às empresas seguirem-nas, mas caberia à Fender, outra reconhecida marca de guitarras lançar a Telecaster, um modelo de guitarras eléctricas. Lançamento esse que se demonstrou num autêntico sucesso.
Les Paul teve a oportuninade da sua vida, a Gibson não quis ficar atrás, não lançou em primeira mão mas soube e muito bem seguir as tendências.
Uma guitarra diferente do que se estava habituado, com caracteristicas bastante particulares, como o seu corpo construído maciçamente em madeira, um pesadelo para qualquer guitarrista com problemas de coluna, mas uma delicia em termos sonoros para qualquer músico ou simplesmente para qualquer ouvido.
A prova do seu timbre inconfundivel está na quantidade de nomes sonantes que optaram exclusivamente pela Les Paul como sua guitarra de eleição! Jimmy Page, Led Zeppelin, Slash, Joe Perry entre outros até a Eric Clapton ou Gary Moore que à custa dessa pequena obra de arte nos anos 90 reienventa o Blues.
Quer estejamos a ouvir Rock, Jazz ou Blues...daremos conta certamente se algum dos músicos empunhar uma GIBSON LES PAUL!





P.S.- A pedido do meu irmão :) Músico para sempre!

terça-feira, 17 de abril de 2007

BABY

Eu e a Mary a esmagarmos o Baby de Mil Mimos!!!!







Eu, o meu New Look e o meu maravilhoso Johny!
Sou a tia mais sortuda e babada do mundo inteiro...eu sei que todas dizem isto, mas eu sou mesmo!!!!


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quinta-feira, 5 de abril de 2007

JOGO


Amor; Amizade; Beleza; Branco; Cereja; Criativo; Criança; Dar; Dançar; Desenho; Delicado; Dor; Elegante; Educado; Esmagador; Encanto; Energia; Ego; Força; Ficar; Fim; Gritar; Gargalhada; Hesitar; Inicio; Jamais; Juntos; Janela; Jantar; Luar; Lilás; Livros; Lembrança; Limão; Malmequer; Memória; Menos; Mel; Noite; Nunca; Nascer; Ninguém; Não; Ópium; Olhar; Ouvir; Omnipresente; Pele; Papel; Pintor; Porta; Preto; Pingado; Querer; Rir; Recordar; Relógio; Romance; Ser; Saber; Sonho; Sorriso; Sapateado; Sensação; Ter; Tempestade; Tudo; Três; Utopia; Unico; Vezes; Vinho; Verniz; Vaidade; Xanax; Zumbido.



Foi AMOR à primeira vista, duvidava...pensava sempre que a
AMIZADE vinha em primeiro, mas a sua BELEZA encarregava-se de esconder medos e sobressair o BRANCO do seu vestido os seus lábios de CEREJA.
Ele era CRIATIVO, desde CRIANÇA. Desesperadamente queria-lhe DAR mais, trazer o céu à terra...
Resolveu levá-la a DANÇAR, um DESENHO lindo surgia simplesmente no ar, livre para voar, DELICADO para não magoar.
Ela encolhe os ombros, timida, com a DOR que um dia a fez chorar, chorou...Ele sempre ELEGANTE colocou-lhe um lenço nas mãos esguias, ela disse-lhe baixinho e em tom de embaraço:"Já há muito que não conhecia alguém tão EDUCADO como tu..."
Era ESMAGADOR para o seu fraco e cansado coração ouvir aquelas doces palavras, mas apreciava o seu ENCANTO, e a ENERGIA ressurgia sem saber bem como, nem porquê, talvez
o seu EGO aumentasse, o que lhe dava FORÇA para conseguir FICAR...mas a noite estava a chegar ao FIM, ele queria GRITAR de raiva, fúria...e ela naquele momento soltou uma
forte GARGALHADA, se calhar achou piada à sua expressão,não sabe bem, mas ao HESITAR, ela surpreendentemente devolveu-lhe o INICIO, JAMAIS se esqueceria da maneira como JUNTOS, apenas por uma JANELA de distância se sentiram.
O desejo de um JANTAR ao LUAR, no chão, apenas com lenços a esvoaçar, lenços de cor LILÁS...seguros apenas por LIVROS antigos, o suficientemente pesados para aquele momento se tornar em breve numa longiqua LEMBRANÇA, com o travo de LIMÃO nos lábios e o cheiro do MALMEQUER em ambos os corpos.
Eternamente lhes iria ficar gravado na MEMÓRIA aquela luz que quase os cegava, a MENOS que o MEL que suavizava e acendia o escuro os tornasse amargos, por ser já passado, por saberem que aquela NOITE NUNCA podia NASCER, num outro dia, NINGUÉM mergulharia naquelas ondas tão enganosas,feitiçeiras,perigosas...NÃO...O ÓPIUM penetrava na mente atordoada de quem estava a OLHAR, OUVIR...Ele estava OMNIPRESENTE, tinha de acreditar nisso, tinha quase a certeza.
A PELE começava a notar-se encarquilhada, parecia um pedaço de PAPEL a desfazer-se em rugas, rugas de um PINTOR que não desiste, continua a abrir a PORTA, muitas e muitas se fecharam e no PRETO sombrio, PINGADO de QUERER RIR.
Apetecia mesmo RECORDAR, mas o RELÓGIO não parava,continuava sempre a bater e a bater, como um ROMANCE.
Queria acima de tudo SER num mundo que lentamente se desfaz, SABER o rumo da sua existência, o desfecho do seu SONHO que provoca o SORRISO. O som ressurge,o som sempre esteve lá afinal...era o SAPATEADO dela,tinha a SENSAÇÃO de TER aquilo que já tinha, mas...tereria?
Só uma TEMPESTADE lhe dava alento para se poder refugiar sem remorsos de não poder viver.
O TUDO era agora o seu nada, aquilo que já tinha perdido outrora.
Ela tinha sussurrado ao seu ouvido:"Tens sempre TRÊS oportunidades para seres feliz nesta vida"...ele responde secamente:"UTOPIA"...
A felicidade é um momento, um momento UNICO, creio que já passou por mim..."Quantas VEZES fui feliz?"
Ela bebe um pouco mais de VINHO, enquanto bate com as suas longas unhas de VERNIZ na garrafa de vidro, pura VAIDADE...Afastou-se dele, talvez não por muito tempo, ou talvez para sempre, ele deixou de a ver embora soubesse que ela lá estava...
O excesso de ansiedade consome-o e obriga-o a remexer os bolsos das calças apertadas ávidamente à procura da sua dependência, do seu fiel companheiro.
Com as mãos trémulas enfia o XANAX pela garganta abaixo e sem pensar mais encaminhou-se para casa, apenas acompanhado por outro seu grande amigo de noites mal sucedidas, o ZUMBIDO, que felizmente apagava a sua consciência, a sua própria voz, penosa de ouvir.


Passo a explicar...Quando era mais pequena, bem mais pequena e não me apetecia ir brincar percorria uma série de palavras de A a Z que me agradavam ou não, palavras que simplemente no momento me ocorriam. E depois com elas tentava escrever um texto minimamente coerente sempre seguindo a ordem das palavras.
É preciso paciência ou é preciso gostar muito de escrever...e como ultimamente não quero escrever, porque há momentos que não são escritos, e não me apetece ir brincar, resolvi jogar o meu jogo!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

COMO TE DEITAS NA TUA CAMA?


Não sei como abordar a questão que tenciono abordar. Talvez porque o tema não tenha rigorosamente nada a ver com os meus textos regulares, com o que me dá prazer escrever, e às vezes não, porque escrever, por vezes constitui um acto de sofrimento.
As palavras escritas, os sentimentos no papel branco inocente ali sem defesas, as nossas recordações parecem tornar-se mais reais, mais densas, e mais penosas ainda de digerir. Na maioria das vezes quando relemos os nossos textos, descobrimos o que tentamos encobrir dentro de nós mesmos, e normalmente não queremos que os outros se apercebam, ainda que sejamos um livro aberto mesmo sem por isso darmos conta...
Mas o que hoje vim abordar, nada tem de profundo, nada tem de bonito, palavras simples para escrever actos simples, comuns a todos os comuns mortais, e que se tornam tão complicados de escrever, não se sabe bem como dizê-los...O mais simples é sempre o mais complicado. Estamos numa era de tanta informação que optar pela simplicidade já não é uma opção, é um talento inato cujos possuidores designamos de génios.
Aqui vai...
Já reparam nas maneiras mais ridiculas como todos nós nos deitamos na nossa cama quando prontos para dormir o nosso merecido, ou não, soninho?
Há quem se atire literalmente para a cama...
Há aqueles que se sentam calmamente, têm tempo de compor os chinelos (quando os há) e deixam-se cair...
Há ainda aqueles que optam por entrar de joelhos e depois de mil voltas desnecessárias lá se aconchegam...
Há aqueles que se colocam de pé sobre a cama, na euforia de dar uns saltinhos...
Há ainda aqueles que só depois de sentados na cama e devidamente encostados se fazem deslizar pelas profundezas dos lençóis...
Há também os que entram de costas e se tapam de imediato...
Não consigo descrever as outras tantas, demasiado estranhas e complicadas. Já para não falar das posições inéditas em que acabamos por adormecer, culpadas de braços, mãos e pernas dormentes ao acordar...ou mesmo da falta de ar, de tanto nos enfiarmos para baixo...
Achei curioso, porque até nisso todos somos diferentes. Tal como achei curioso um artigo que li já há uns tempos de um conhecido psiquiatra, que entre muitas outras perspectivas e métodos de avaliação de personalidade, defendia que a nossa "mesinha de cabeçeira", o que temos lá em cima, nas gavetas, nos decsreve como ninguém...
Tendo em conta que na minha nem espaço para um palito existe...fiquei preocupada!
São questões a reflectir, porque não? Dá para amenizar o dramatismo dos temas habituais!

sábado, 10 de fevereiro de 2007

EU!

A necessidade de eternizar momentos das nossas vidas urge num mundo que passa pelas nossas mãos a correr, uma vida que não se deixa apanhar, que teima em não parar... Imagens paradas...Estáticas...Contam tanto, falam mais alto que tantas palavras e imortalizam a ideia de um dia pensarmos que não fomos felizes!
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segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

DEFEITOS E FEITIOS


O ser humano não deixa de me surpreender. Quando penso que nada de novo pode acontecer, eis que me deparo em algo mais para reflectir. Talvez me centre sempre e inevitavelmente nos aspectos profundamente negativos intrinsecos a nós mesmos.
Mas sinceramente sinto-me numa estrada sem saída, e é com pena que afirmo que a maldade tem vindo a superar a bondade que eu acredito que todos temos dentro de nós, por vezes escondida, disfarçada, ou até à espera dos piores momentos para se revelar.
Se não fosse uma pessoa tão recta e firme nos meus principios e valores atrevia-me a afirmar que praticar o mal compensa. Felizmente para atenuar esta linha que por vezes só apetece mesmo transgredir acredito piamente que a justiça será feita, ainda que não no momento certo, vem sempre mais tarde e assume contornos diferentes, actua noutras áreas que não as que própriamente nós "pecamos", mas de qualquer das formas não deixa de ser gratificante e quanto a mim, serenamente esperar por ela, vê-la chegar...e poder estender a mão a quem literalmente nos tirou o tapete dos pés. É um acto tão nobre, que transpira e emana tanta superioridade que a justiça acaba de ser feita naquele momento.
Minutos, às vezes não passam de minutos, e não demora nada a voltar à normalidade, mas aquele momento aconteceu e disso não esquecemos jamais.
Entre tantos defeitos que se podem apontar ao ser humano, aquele que mais me toca e magoa é a ganância, e com este tantos outros vêm ao seu colo...As pessoas não sabem viver sem dinheiro, não é possivel, tenho consciência desse facto. Mas conseguem viver sem amigos, sem a cordealidade de uma amizade.
Essas pessoas que se julgam tão autónomas e independentes pelo peso consolador do seu bolso, não podem comprar nada que um dia realmente necessitem. É um vicio, e como todos os vicios, não passam de momentos felizes que depressa se transformam no pior dos pesadelos das nossas vidas. Do qual tentamos sair e não conseguimos, a quem vamos pedir ajuda? Aos que trocámos por uns momentos bem passados?
Acaba mesmo por acontecer no limite, resta saber se esses ainda lá estarão...
Espero que sim...Não sou vingativa.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

ARTE E ARTISTAS

Por mais que existam conceitos predefinidos para tudo e mais alguma coisa, para mim o conceito de Arte é tão dúbio quanto abrangente, não suportando o facto da maioria dos comuns mortais comparar a Arte, e até a própria vida, a uma equação matemática. Porque para mim dois mais dois podem ser cinco...
É tão ou mais artista o criador como aquele que recebe a Arte, a abraça e a compreende. E quando digo compreender, falo de uma compreensão própria, não sem nexo, mas porque há coisas que pura e simplesmente nunca vamos conseguir explicar por completo, uma compreensão individual....até mesmo única, mas a nossa, aquela que faz sentido para nós, e aquela que se acumula no nosso interior e nos faz saltar para andares de cima.
Porque a Arte faz-nos crescer, a mim faz-me viver.
Não querendo cair em anarquia, quem é quem para criticar positivamente ou negativamente alguma forma de Arte? As opiniões continuam a valer o que valem, não é por virem de alguém que um dia outro alguém considerou como alguém que alguma coisa vai mudar, ou pelo menos para mim nada muda.
Tudo isto tem também muito a ver com aquilo que sabemos ser. Até que ponto valemos o que pensamos valer. Em muitos trabalhos meus, o meu parecer basta-me, realiza-me e completa-me. Em muitos outros sei que podia ter dado muito mais de mim, e talvez o resultado tivesse sido um dia muito melhor, mas não dei, dei o que me apeteceu dar, e só por si esse facto já quer dizer alguma coisa, chega a distinguir os bons dos muitos bons.
Mas há quem viva bem com o mediano, e ainda assim se ache muito bom, e talvez o seja mesmo, ou não.
Parece-me que o nosso espirito se reflecte sempre no que fazemos, nas mais pequenas coisas é transparente o brilho do nosso olhar, do suor e tempo perdidos em algo que já nos fez sorrir, que agora está na gaveta pronto para ser recordado e será o mote para um novo algo.
O verdadeiro artista é aquele que sabe que o é, mesmo sem qualquer reconhecimento, é aquele que é humilde para aprender com aqueles que por algum bom motivo respeita, que detesta ser contrariado ou criticado por quem não lhe interessa, mesmo que esse alguém seja considerado por muitos alguém.
Um bom artista é sempre alguém individualista que sabe disfarçar a falta de paciência para trabalhar em grupo. É aquele que consegue levar a sua avante, sem ninguém o perceber. É levar os outros a gostar do que nós mesmos gostamos.
É um lider por natureza, é um manipulador. Poderia ser um ditador. Se não fosse capaz de ser tudo isto e ao mesmo tempo ter a sensibilidade para sorrir ao olhar um quadro, dançar desenfreadamente uma música, chorar numa peça de teatro...O artista é um ditador anarquista. Vive à margem. Por vezes mesmo alheado do que se vai passando à volta. Sempre embrenhado nos seus medos, anseios, pensamentos e sentimentos.
É alguém que por já se ter encontrado não consegue viver sozinho com ele mesmo e extravasa, sente necessidade de mostrar, de expressar o seu amor para além dos horizontes que comumente delineamos.