quarta-feira, 27 de junho de 2007

VENTO...


Desde pequenina que sempre gostei do vento. Podia fazer chuva ou sol, desde que houvesse vento o dia seria perfeito.
O vento é perfeito, podemos senti-lo no cosso corpo e deixarmo-nos embalar em sonhos profundos e sorridentes, podemos cheirá-lo e sentir a terra dentro de nós, podemos voar e deixar que seja ele que decida por nós, deixar que nos encaminhe ou nos mostre o caminho, podemos vê-lo nos ramos gigantes de árvores inquietas que abanam como se um adeus nos dissessem, podemos vê-lo nos cabelos que teimam em nos tapar a cara, nas saias que esvoaçam...em tudo o que estava preso e passa a ser livre, passa a ocupar outros espaços, outras mãos.
O vento é algo que sem se tocar nos toca, é algo que aparece e desaparece sem por isso darmos conta, só surge quando lhe apetece, num misto de vontade própria e orgulho só passa por onde lhe convém.
O vento é como as pessoas mais importantes das nossas vidas, não o precisamos de ver, não o podemos prender ou guardar em qualquer caixinha ou masmorra para sempre, não podemos exigir a presença dele, não podemos afastá-lo quando assim bem queremos...O vento é como as pessoas mais importantes das nossas vidas, não o precisamos ver...mas está e estará sempre lá, nunca deixará de existir e nunca o esqueceremos. E quando ele regressa acabamos sempre por abraçá-lo mesmo que tenhamos a consciência plena de que ele irá embora, de que ele tem uma vida própria, de que não podemos ser donos dele, e de que acima de tudo, antes de nos tornarmos dependentes dele, já sabiamos que isso seria apenas imaginação nossa. Ele avisou-nos. E nem precisava.

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