sábado, 9 de outubro de 2010

Reconto


Tinha sido de facto para aquela aldeia um milagre, para o menino era bem diferente, a história era outra, mas essa não a conseguia explicar apenas sentir ou talvez cheirar…
A par da euforia que se passou a viver naquela aldeia, das perguntas constantes e das visitas surpresa em sua casa, na cabeça do menino vivia-se uma grande confusão, nada percebia e começava a não querer perceber, ao contrário dos pais que motivados com a agitação e orgulhosos com a proeza do filho fomentavam d e dia para dia o acontecimento.
Todos os dias algo novo na história surgia, agora um arco-íris tinha surgido quando o menino avistou a flor, e foi por segui-lo que a encontrou, uma mensagem divina talvez, ou uma força do destino que ali o levasse, como um cobertor que se puxa mas nunca chega, como a folha que o cobriu e o acolheu e que ele ainda não percebeu o espanto de todos em tal ter acontecido…
Era uma vez um menino que estava farto de viver onde vivia, todos eram mais velhos e por isso não tinha com quem falar, nem tão pouco brincar…ouvia os lamentos dos velhos…as histórias das velhas e pouco mais…
Escondia isso dos pais, esses pareciam sempre tão felizes, tão preenchidos, tão…como hei-de explicar…perfeitos, e a última coisa que queria era desiludi-los, mostrar tristeza quando sabia que de tudo faziam para ele ser feliz. Mas não o era, tanto não era que a vida dele era sonhar, sonhar com o que jamais poderia vir a acontecer e imaginar. Vivia de ilusões, de amigos imaginários e num mundo de possibilidades que não estavam ao seu alcance.
Costumava não poucas vezes pensar que se não conseguisse sonhar não conseguiria certamente viver. Mas par além disso mais não conseguia fazer, aquelas terras conhecia como a palma das suas mãos, habituada a andar por elas nem que não fosse atrás dos pais enquanto trabalhavam, às vezes ajudava, mas quase sempre era dispensado, mandavam-no ir brincar, como se isso fosse possível para ele. Mas isso eles não sabiam. Os pais não sabiam muitas coisas do menino e o menino sabia coisas a mais dos pais, e dos mais velhos.
Todos os dias a mesma coisa, só variava a comida, e quando variava, à noite já sabia que era aquecida a do almoço e pouco mais mudava. As horas eram sempre as mesmas, as coisas eram sempre feitas pelos mesmos, até a s frases que muitas vezes se resumiam a palavras, eram mecânicas, não tinham alma, despejadas como um balde de água para quem as quisesse apanhar, e eram apanhadas sempre. Ali havia respeito, educação, valores que não mais existem e muito pouca paciência, apesar de haver todo o tempo do mundo, pelo menos para o menino.
Entre bocejos na janela apreciava os mesmos movimentos dos vizinhos de ontem, e de anteontem…quase podia adivinhar o que iriam fazer a seguir, quase que ouvia o que não conseguia ouvir só de olhar para as suas bocas, às vezes abria a janela só para confirmar e confirmava-se, sorria baixinho não de felicidade…mas de um sentimento que muitas eram as vezes que o preenchiam, um sentimento como um suspiro, um suspiro forte e prolongado de quem pura e simplesmente está farto, farto daquela vida, não sabia se da vida. Mas ninguém podia saber, só ele e o mundo dele gigante que até a Marte chegava e dava voltas e mais voltas como a volta ao mundo e os oitenta dias.
Certo dia acordou com vontade, como aliás sempre tivera acordado, de fazer alguma coisa, alguma coisa diferente…pensou, pensou…ia pensando enquanto também ele em jeito de robot se aprontava para mais um dia de nada…E se algo mudasse, pensava o menino? E se algo que eles não estivessem preparados acontecesse, e se na rotina houvesse um prato partido que não era suposto ser partido e fizesse tamanho barulho que acordasse de vez aquela gente…e se aquela gente até fosse mais do que gente e tivesse vida por detrás daquelas fardas que envergaram logo ao inicio da história…que anunciam apenas a morte…
Foi passear, de resto como sempre, nada lhe ocorria…o céu estava azul, sem nuvens, o sol brilhava e ofuscava a visão, arranca uma pequena flor da terra e coloca-a na orelha…caminhou, caminhou, nem ele sabia quantos passos tinha dado, é que às vezes contava-os tal era o vazio de que a sua mente sofria, e sentou-se por fim num pequeno monte de onde podia ver a aldeia.
Enterrou de novo a flor no chão, não gostava de ficar com a ideia de que a tinha morto apenas porque resolveu apanhar uma flor da terra, apenas por capricho. Mas esse facto também o irritava, estava a ficar como eles, estava a morrer, a viver mecanicamente, a fazer sempre tudo o que se deve fazer e a não fazer sempre tudo o que não se deve fazer…
Isso por momentos enraiveceu-o e num acto impulsivo arranca uma pétala da flor. Como quem não quer chorar sozinho, como quem não quer a mesma vida para a flor também…e suspira num silêncio profundo fecha os olhos mas não consegue adormecer, a pétala não o aquecia, não o acolhia, tinha que a estar constantemente a segurar para não voar, e o tempo estava bom, o que seria se não estivesse.
Quis perder a noção do tempo e ser um menino pela primeira vez na vida…não voltou para casa…haviam de o encontrar, pelo menos algo de diferente naquele dia aconteceria, nem que não fosse um trajecto diferente para os pais.
Como é típico de todos os pais acharam estranho o menino não estar em casa a horas tão tardias e resolveram ir procurar, não foi difícil…o menino estava mesmo ali à beira, bem pertinho de casa, não o precisaram de acordar pois apenas fingia que dormia, queria ver e ouvir a reacção dos pais. Ouvia outras vozes, eram certamente os vizinhos que por aquelas terras também ali andavam. Mas ele não percebia o espanto que ouvia.
Tinham visto a flor. Não estava ali aquela flor ontem, nem anteontem…como estaria ali uma flor plantada e já quase murcha, se nem a viram nascer…mas não era esse o caso.
Estava ali uma flor num sítio onde não estava nenhuma flor. E foi a procura pelo menino que despoletou essa curiosidade, essa novidade, porque tudo naquela terra era novidade empolgante, bastava ser novo, diferente.
Todos os dias algo novo na história surgia, agora um arco-íris tinha surgido quando o menino avistou a flor, e foi por segui-lo que a encontrou, uma mensagem divina talvez, ou uma força do destino que ali o levasse, como um cobertor que se puxa mas nunca chega, como a folha que o cobriu e o acolheu e que ele ainda não percebeu o espanto de todos em tal ter acontecido…
Aquela gente via com olhos de ver, mas não com olhos de sentir, a flor essa foi falada durante muitos e muitos anos, o milagre do menino também…e o menino?
O menino continuou triste. O menino continuou sozinho. Sem perceber o que tinha feito, algo maior do que ele próprio de certeza porque a ele que era pequenino não o viram, viram-no como um gigante mas esqueceram-se da sua pequena alma que entorpecida chorava por atenção. Mas um sorriso na cara ele tinha, os pais não podiam saber… Os pais não sabiam muitas coisas do menino e o menino sabia coisas a mais dos pais, e dos mais velhos.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

QuErO...


Quero partilhar o acordar, o olhar nos olhos de um sono acordado em paz...
Quero partilhar o cair da água no meu corpo, bem quente, que me escalda os pés...
Quero partilhar o primeiro trago do dia e saborear a manteiga quente...
Quero partilhar as conjugações da minha roupa colorida, quente e desalinhada...
Quero o beijo do até já...
Quero o telefonema do estás bem...
Quero pensar em várias coisas ao mesmo tempo...
Quero ao longo do dia delinear o jantar com pormenores de requinte...
Quero surpreender-te e ouvir-te a sorrir...
Quero sentir o cheiro a café pela casa...
Quero andar de meias à procura de não sei o quê...
Quero olhar a janela e ver o nosso gato a trepar na árvore que plantámos...
Quero chamar-te e ouvir a tua voz sem eco...
Quero sentar-me no sofá e aconchegar-me à nossa manta...
Quero ouvir o vento ao som de algo que me transporte para o mar...
Quero fechar as janelas e aconchegar a casa...
Quero abri-las e dar-lhe luz quente do sol que bate ameno...
Quero ouvir o cumprimento do vizinho, quase insonoro...
Quero fazer a cama com lençóis acabados de lavar...
Quero sentir o teu cheiro em tudo o que tocas e saber que por ali passaste...
Quero partilhar-me por inteiro...
Quero-me e quero-te mais a ti...
Mais ainda a nós...
Ainda mais às nossas coisas...pequenas futilidades...mas as nossas, com que viveremos, as quais vamos partir, comprar de novo, mandar compor ou deixar para trás, lixo precioso tudo se tornará.
Quero mais do que a minha vida, Quero a nossa vida, Preenchida por nós...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O nosso Tango:)

If not tonight
This is the strangest feeling
Something I can't control
Do I play the fool for you
If not tonight
Waiting forever
Just to see your face
Waiting is all that I seem to do
Yeah puro amore
Will another night exist like this again
Yeah solo amore
We will never get this moment back
Again
If not tonight
Underneath the stars
Beneath the crescent
Sinking down into the sea
It's not the time
But I will wait forever
If this is what you want
Waiting could be the end of me
One day I will open your eyes
Underneath the stars
Beneath the crescent
Yeah puro amore
Will another night exist like this again
Yeah solo amore
We will never get this moment back
Again
Yeah puro amore
Let it be with you tonight
There will never be a night
If not tonight
Tell me when my love

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Perfeitos...


Queria estar longe daqui agora, agora queria estar longe daqui, daqui mesmo...escondida! Num lugar onde só tu me poderias encontrar, só tu!
Eu iria para lá. Tu irias ter comigo e nem um rasto deixariamos. Se preciso usariamos as asas lindas que nos acompanham para cada poiso...se preciso iriamos em biquinhos de pé, pézinhos de lã...nem alma viva daria por nós, nem morta, nem nada, nem ninguém.
Só tu e eu.
Silêncio e palavras quentes.
Frio e corpos ardentes.
Espaço vazio preechido em todos os cantos pelas nossas vozes que demorámos a ouvir, mas soubemos imginá-las melhor do que ninguém, pelas nossas histórias que às vezes não parecem terminar, pelas nossas gargalhadas, pelo nosso amor.
Só NÓS! Tu e eu!
Imagino o lugar, também tu o podes imaginar, porque será o mesmo...não o digo...é um lugar comum, roubado por horas e horas de quentinho...não vou dizer em voz alta! Pode ser roubado! É um susurro, como nós, perfeitos corações porque não...

Perfeito Ba

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

I'm Kissing you...


Pride can stand
A thousand trials
The strong will never fall
But watching stars without you
My soul cried
Grieving heart is full of pain
All of the aching

Cause I'm kissing you, oh
I'm kissing you, Love

Touch me deep
Pure and true
Gift to me forever

Cause I'm kissing you, oh
I'm kissing you, Love

Where are you now?
Where are you now?
'Cause I'm kissing you
I'm kissing you

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Onde estão as minhas cores?


Uma brisa solta sopra no meu pescoço e eu reconheço a sua intensidade, a sua fragrância…sorrio baixinho para ninguém ver, ninguém ouvir.

Ouço sons que não me são estranhos e logo sei o que está para acontecer…os sussurros, as trincas na pele sem carne, a respiração mais forte, mais ansiosa, mas com uma calmia assustadora, talvez por estar onde queria estar, com quem queria estar…a vida é sempre tão complicada…

Olhos em olhares fixos, alguns distantes outros risonhos a perspectivarem um amanhã diferente ou um amanhã igual a anteontem…que anteontem fossem as nossas manhãs, as nossas despedidas nocturnas, ou as nossas insónias assim fossem passadas. Atracados um no outro, como se não houvesse mais ninguém há volta, e havia, há sempre no sentido literal e não literal da palavra.

Palavra, a palavra é chata, tornou-se convencional, igual a tantas outras que repetimos por dia e tão desnecessárias…mas apetece-me segredar-ta ainda assim, porque a segredo sozinha e acho que tu a ouves mesmo a quilómetros de distância, não são muitos…mas tu dizes que deve calhar na altura em que adormeces porque não a ouves.

Eu sorrio. Sorrio com quase tudo, ou choro com quase tudo. Diametralmente oposta ou controversa no meu ser, quase esquizofrénica no meu estar e tão lúcida no meu sentir.

Não acreditaria se não fosse em mim que tudo isto se conjuga.

Num minuto uma força inabalável, às vezes uma alegria rasgante, outras vezes uma dor dilacerante.

Sempre aos saltos. Pode ser que estes saltos, que são grandes, me levem ao céu, aos meus sonhos e à concretização deles.

Não deixa de ter beleza a minha vida, de ser um filme quase poético, quase romântico…não deixo de olhar para mim e ver beleza…perdida talvez…achada às vezes.

A vida podia ser menos complicada.

sábado, 15 de agosto de 2009

Palavras que me foram oferecidas


Palavras de Pablo Neruda: Na vida...
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da telivisão o seu guru. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos "is" a um redemoinho de emoções, exactamente a que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e o coração aos tropeços. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho. Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos. Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos. Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

1 de Junho


Parece que só agora fui à janela e se calhar só agora fui realmente à janela.
Está calor, está sol, está quente...não que eu não soubesse, mas acho que não sabia.
Que necessidade de inspirar aquele ar todo de uma só vez, absorver aqueles pedaçinhos partidos todos, numa tentativa de colá-los e senti-los em toda a perfeição como se tivesse sido ontem que tivesse sido assaltada por uma certeza de felicidade futura. Que bom! Que maravilha! Nem poética consigo ser, os pensamentos, as memórias, as recordações são mais rápidos que os dedos, novamente de unhas pintadas precisamente da mesma cor de outrora, cortadas de forma igual sem o pedido ser feito. Isto é arrepiante, olhei-me agora mesmo e estou vestida de maneira igual...que raio de altura para recordar, que raio de altura para dizer por esta altura no ano passado, alguém magicava por mim e de dentro para fora me conhecia e se dava a conhecer.
Ambos prometemos que ia ser desta que iamos ser plenamente felizes e que ninguém mais nos ia fazer chorar, ano novo para os dois altura em que iamos com forças unidas concretizar os nossos sonhos de independência...projectámos românticamente com amor sentados na relva, a fumar um cigarro, ou simplesmente a aproveitar a arajem num sitio qualquer para nos secarmos do calor abafado da tarde.
Mas o brilho nos olhos denunciava que não iamos ficar por ali e à noite iriamos ouvir os grilos juntos e ouviamos, quando eu não adormecia no colo apaziguador de qualquer mágoa que o meu coração pudesse conter.
Jantava à pressa e desejava que amanhacesse rápido para ter tudo aquilo outra vez e outra vez, até o meu coração ficar em deslumbre, como ainda está. Encantado. Como já estiveste uma vez pelo meu ser, aqo qual davas festas durante o sono apenas para me guardar dos maus sonhos, ou fosse do que fosse.
O cheiro a gasolina, a batatas fritas...o chá e o descafeínado...as palavras soltas e o tanto a contar e tantas promessas soltas.
- "Foi no dia 30 ou 31!"
- "Não, foi no dia 1!"
E assim ficou no dia 1, o dia da criança, foi aí que descobrimos juntos que ainda havia uma criança dentro de nós pronta para amar.
Não fomos iguais a nada, não fomos convencionais em nada.
A verdade imperou.
Fomos diferentes e somos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Porque não conheço ninguém que não se lembre desta música, que não a saiba cantar...

Porque quero que todos os corações cantem, alto e bom som, com garra, para depois sorrirem

Canta!

terça-feira, 14 de abril de 2009

ME


Ideias não idealizadas, insanas com a força do poder do sentimento percorrem ruas e ruelas dos nossos corpos, quentes, frios, gelados de tanta energia que nos consome e foge no momento em que queremos a força do mundo, a nossa força.
Posições inquietantes, serenas e amadas, nervosas de tanto chorar, molhadas de tanto sorrir, rir...gargalhadas de memórias, cócegas do agora.
E eu nunca estou cansada...
E eu nunca vou para dentro...
E eu nunca me guardo...
E eu corro, grito e abano, agito, agito-me, agitas-me sempre.
Luares partilhados em fotos que vejo na escuridão da noite que faz no meu quarto, é de noite lá quando me deito e espreito pela janela, e vejo-me ao lado, numa estrela, sou ela...pequenina, luminosa...gosto de pensar que sou ela e de imaginar as conversas que teria com a lua, contar os beijos apaixonados que se deslumbram por este mundo fora...ver as lágrimas sem chorar e poder com suavidade limpar a cara de quem sofre.
Luta, luta, luta, luta. LUTA é a minha vida! Já houve dias em que pensei não ter nada, outros que pensei ter tudo, outros tantos em que não me importei com nada disso e apenas gozei...andei e levei para a frente o que era e não era para ser levado.
Hoje estou aqui e é só o que consigo afirmar.
Conservo valores e encanto-me com a beleza de tal proeza.
Sou eu sempre.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

NÓS


Trocámos palavras escritas de uma densidade que vai para além do profundo, uma densidade cheia de dor e um anseio absolutamente gigante de sobreviver à tempestade que tinha passado nas nossas vidas.

Uma tempestade feia, que nunca achámos que fosse possível...mas foi com algum alívio que soubemos tão depressa que ambos não olhavamos o céu sozinhos, a queda foi grande, mas as nossas palavras ainda maiores.

Tudo tão depressa...quando dei por mim estava à espera, espera estranha, que eu não queria admitir que pudessem ser cócegas na barriga...pensei que estivesse ainda no passado, que não era longinquo e que não era merecedora daquilo tudo, daquela imensidão de cumplicidade, de sorrisos e às vezes lágrimas...Tudo tão depressa, nada fugaz...não senti em momento algum que ia acabar ali, ficar por ali. Porque de cada vez que falávamos, de cada vez que invertiamos mais ainda o dito normal processo de conhecimento tudo se tornava mais sincero, mais claro e tornava-se evidente a necessidade de próximos passos.

Foram chegando...cada um a seu tempo, no nosso tempo que sempre partilhámos, quase nenhum o tempo que precisávamos.

Um olhar bastou para perceber que a inversão não deixou de fazer cócegas.

Olhámos muito, vimos muito e não vimos nada...eu via o corneto de morango não comprado no café, e não apetecia comê-lo.

Veio um abraço a meu pedido, promessa nossa. Senti a tua fragilidade, a tua delicadeza...tudo o que já tinha sentido antes com o olhar, mas agora de uma forma mais palpável, ouvi o teu coração, ouvia o meu também...

Roubaste-me um beijo.

Não, não foi um roubo qualquer, não, não foi um beijo qualquer...foi mais um toque de lábios que fez esquecer aos dois onde estávamos e até porque estávamos.

Lembro-me da relva, ali sentados com o sol a aquecer as mãos geladas...lembro-me de muita coisa, mas adorei quando entraste e me beijaste com toda a naturalidade do mundo e eu fiquei a olhar para os lados..."Será?"

Podia não parar, e não apetece...mas o resto fica para nós os dois...resta a beleza com que ficámos juntos, resta a beleza daquilo que sabemos que o outro é e não é, resta a beleza que nos ilumina e nos junta...não há coincidências, agora o sei. Tu não és uma coincidência. Esta preserverança não é uma coincidência. Nós não somos uma coincidência. Nem seremos...

quinta-feira, 12 de março de 2009

O CORREDOR


No outro dia à noite enquanto fazia a ronda pelos canais, um filme por sinal francês, chamou-me a atenção. Parecia daquele tipo de filmes que nos vão revelar ou reforçar uma espécie de licção de vida. Acreditei mesmo nessa surpresa, pensei mesmo que me ia fazer pensar em algo que nunca tinha pensado ou por outra perspectiva.

Apesar de serem desenhos animados, em vez de actores de carne e osso, segui em frente. O filme não teve mais do que uma hora e eu até hoje não percebi, se calhar percebi e é algo que não quero ver, não sei...este filme deixou-me mesmo inquieta, a ponto de querer saber a vossa opinião e por isso passo a contar o filme.


O filme focava a vida difícil de um casal, marido desempregado e já farto de procurar emprego, a ponto de preferir e acomodar-se às tarefas domésticas, e mulher com um trabalho muito incerto, pareceu-me uma fábrica, empresa que estava prestes a falir.

Cientes dessa situação a mulher encoraja o homem a procurar algo, caso contrário não teriam como sobreviver. Ele acorda para essa realidade quando certo dia a mulher chega a casa com a carta em como foi despedida.

O homem decide sair de casa e mais uma vez nas suas caminhadas encontrar alguma coisa, uma coisa qualquer...nada...já de regresso a casa passa por uma loja de antiguidades. A montra exibia uma espécie de bonecos tribais de madeira, um dos quais se mexe e interage com o homem. Este em pânico, no fundo a achar que estava a enlouquecer desmaia.

Quando acorda está dentro da loja, com o seu dono que o socorreu e o tentava acalmar, deveria ter sido do cansaço certamente.

O dono da loja oferece-lhe um trabalho, mas não podia haver trabalho mais estranho do que aquele, assim ele pensou nos primeiros tempos.

O trabalho consistia nada mais nada menos do que passar o dia inteiro sentado numa cadeira, a vigiar uma arrecadação nas traseiras da loja. A ordem era expressa, não podia sair dali, nem tão pouco se distrair, tinha que estar muito atento, afinal estava a guardar reliquias de prováveis ladrões.

Chegou a casa e deu a boa nova à mulher, que mesmo considerando um trabalho estranho ficou extremamente feliz, pelo menos um deles estava bem e daria concerteza para os gastos.

Vê-se que se passam dias e dias...meses talvez e o homem continua ali sentado, por vezes um pouco inquieto, questionando-se o que estava ali a fazer e qual o propósito de tudo aquilo, pensava e repensava...mas precisava do dinheiro sujeitou-se.

O dono da loja a cada dia que passava o eleogiava mais, que fazia um trabalho muito bom, que estava a ser de uma utilidade extrema, no fundo pareceu-me mais uma motivação para não admitir que aquele trabalho era no minimo entediante.

Entretanto as coisas em casa já não são as mesmas. Chega a casa sempre demasiado cansado, praticamente não ouve a mulher, nem tão pouco as suas questões (pertinentes), conselhos...tornou-se num homem muito ocupado, começa a fazer horas extra e tudo a pedido do chefe. A mulher não queria agredir a auto-estima do marido, mas achava que todo aquele empenho, tudo aquilo era realmente demais...para além do trabalho ser estranho, o mais estranho era o homem estar tão absorvido em algo...não se compreendia.

E desiste, desiste da relação, da casa, do marido...não aguenta mais ser deprezada a ponto de se ter tornado invisivel para quem amava e sempre apoiou a arranjar uma ocupação, mas nunca com o objectivo de ser trocada, bem pelo contrário. Faz as malas do marido e resolve passar na loja para avisar o que vai fazer, o que é facto é que nem isso pode fazer, o dono da loja foi muito assertivo: "Ele está a trablhar, não se pode distrair". A gota de água e vai-se embora.

Ao contrário do que se podia esperar tendo enconta o amor que inicialmente ele demonstra pela mulher, fica triste, mas não se importa muito, afinal tinha um trabalho e que pelos vistos lhe dava muito trabalho!Estar sentado a vigiar uma porta...passa a dormir lá, a vida dele mudou-se definitivamente para aquela loja de antiguidades.

Num dos dias, sentado na cadeira quase adormece, chega a fechar os olhos, mas abre rápidamente quando se depara com o dono da loja a vir da arrecadação em direcção a ele. Pede mil desculpas, confessa ter sido a primeira vez que tal lhe acontece, teme pelo seu emprego.

Para espanto de todos, o dono da loja não o deixa desculpar-se, elogia-o até pelos avanços que ele tem conseguido...e diz "Eu passo aqui todos os dias, e hoje finalmente me conseguiste ver!".

Obviamente que o homem não deixou de achar aquilo estranho, mas mais uma vez não deixou de ficar feliz por estar a evoluir, mesmo sem saber de nada do que se estava a passar.

Certo dia o dono necessita de se ausentar em trabalho, e considera que já o pode fazer sem qualquer problema, pois já confia o suficiente no pobre coitado do homem. Este fica preocupado..."Então e se alguém entrar na loja como faço? Não posso deixar de vigiar a porta!", "Não te preocupes que isso não vai acontecer, estão todos avisados", disse o dono da loja enquanto se ia embora.

Passados uns dias entram uns assaltantes, ele tenta espantá-los, resulta dali uma grande luta...em que o homem sai vencido amarrado com cordas na mesma cadeira. O estranho reside que no meio da discussão, luta o homem descobre que nunca esteve a guardar nada, nunca houve nada naquele compartimento. Ele nunca esteve a guadar nada...

Fica ali a definhar e a ter delirios com a mulher...no fundo que demonstravam o arrependimento de tudo o que a fez passar...mas não passava da imaginação dele...


Aguardo explicações... :)

terça-feira, 10 de março de 2009

TOP GUN

Quem não se lembra desta música, neste filme, nesta cena? Humm...

De cada vez que via o filme, sim porque não me contentei com apenas uma, pensava sempre que gostava que aquilo me acontecesse quando fosse mais velha!!! Bem, mas na altura também queria ser enfermeira destes pilotos!

Recordar, quando é cómico recordar! Adoro!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

HÁ PESSOAS


Não sei bem como colocar isto, isto que me vai na mente em texto, talvez esteja ainda um pouco verde...um pouco duro ou brusco...talvez seja uma situação que me irrite tanto que dá-me para falar, falar, nem sempre em tom baixo. Escrever sobre isto é bem complicado. Daí que não vá escrever sobre aquilo, mas tentar aproximar-me e creio que quem quiser chegar lá, ao ponto, chegará.

Não consigo deixar de soletrar uma frase "Há pessoas que se acham mesmo", parece-me uma expressão bem brasileira, mas traduz lindamente o que sinto para começar. É como a nossa saudade, a nossa palavra saudade.

Há pessoas que são quase que cómicas tal são as penas que pavoneiam diariamente, e como se pavoneiam, o mais cómico no meio disto tudo, é que normalmente são as últimas para se pavonearem, com razões para tal, razões óbvias e não uma justificação como uma licenciatura, um mestrado, um doutoramento, uma especialização e por aí fora.

Para determinadas pessoas nem todas as pessoas lá chegariam mesmo que quisessem. Para determinadas pessoas é preciso ser-se muito inteligente, e ter a dita cultura nas veias, fruto de esforço, dedicação, trabalho e empenho. Essas pessoas são especiais, e como tal devem ser tratadas como especiais, com uma maior educação, alguma cautela...afinal são pessoas fora do comum.

O que muito me espanta, é que estas pessoas fora do comum não páram de crescer, se fossem um ou dois, eu até engolia...mas não, a cada esquina, com cada pessoa com que esbarro é um génio.

Pessoas estranhas são as ditas e quanto a mim, muito bem, as normais.

Quem exige criatividade? Quem não a tem. Quem exige aquilo que não tem? Com que legitimidade o exige e faz disso critério de selecção? Não tem criatividade mas sabe escolher o mais giro? Seja lá do que for que estamos a falar.

Quem exige organização? Quem não é organizado, ou pior, quem não tem sequer capacidade de o ser. Mas essas pessoas ainda se dão a o luxo de opinar em relação à organização dos outros.

Há pessoas que gritam com pulmões cheios que têm formação para estarem a fazer o que estão a fazer!!!! Não era suposto? É motivo para tanto orgulho e alegria? Têm necessidade de a toda a hora demonstrar/mostrar a formação que têm? Hmm...não me parece um bom indicativo à partida, mas só à partida.

E essa dita formação cala quem e o quê? Mas que raio de argumento é esse Senhores (as) Doutores (as)? Se a têm é porque sim e ponto, não vos faz melhores nem piores dos comuns mortais, e sabem porquê? Porque ter-se formação não é tudo, não é quase nada meus caros (as) amigos (as).

A formação maior que podemos ter acesso e temos de facto é a vida. E curioso como ela por linhas travessas, súbtis, diabólicas nos dá cada estalada...ufa...com tanta intervenção divina cruzo os braços, com um sorriso na cara, mas cruzo.

As pessoas estranham porque reajo com umas, e com outras encaro as piores situações com uma leveza, até um doce trago sinto de vez em quando. Eu sei porquê. Não reajo a gente ignorante. Gente que era preciso explicar tanta, mas tanta coisa, para perceberem uma coisa tão pequenina e tão superior que se chama educação...e daí a aprenderem até colocarem em prática...ui...não dá...não vale a pena...são os ignorantes. Mas estes ignorantes são formados e bem formados pelas melhores escolas e melhores professores, os que chamam catedráticos, sabem? Nem sei como certas pessoas não recebem uma chamada da NASA...é que com tanta formação e profissionalismo. (Deu-me um ataque de riso!)

Por favor pessoas comuns não deixem que estas pessoas especiais vos coloquem o pé em cima, não deixem que a vossa auto-estima oscile por um segundo que seja, não acreditem no que ouvem, mesmo que seja diariamente...porque essas pessoas especiais têm um grande vício: brincar às bonecas, às casinhas, aos empregos...é apenas um jogo. Não há dinheiro que pague esse jogo.

Quando nos vemos livres dele e quando damos conta que a vida cá fora continua e com caras desta vez...aí sim aprendemos a verdadeira lição: que somos bons naquilo que fazemos, que temos potencial, que fazemos inveja, que sabemos quem somos, que podemos constituir uma ameaça...e de tantos valores que temos...Sabe tão bem ter consciência de quem somos! Porque a partir desse momento, ninguém mas ninguém "goza" com a nossa cara.

E já agora obrigada aos meus formadores, foram vários, continuam a ser, e para dar uma pista nenhum deles é "catedrático".

Gentinha levantem a cabeça que está colada ao vosso umbigo e reparem que nem só de unhas, cabelos, e roupinhas a vida é feita...Sucesso não é = família, casa, emprego, mas, a amor!!! Felicidade é fidelidade e não eurinhos muitos para brincar ao faz de conta. Larguem por um dia os vossos teatrinhos, olhem-se ao espelho e ponham a mão na consciência e questionem-se: mas quem sou eu afinal? Ninguém. Somos pó. Todos.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

2009

A primeira fotografia publicada de 2009...creio que ainda não vão ser editadas todas as palavras que a descrevem. São muitas...e tenho medo de não fazer justiça à beleza do momento...vai ser um texto em construção, um texto lindo...que só tu o completas.
Não sei que horas eram...sendo assim podemos imaginar que possa ter sido precisamente às 00h00!
Não sabermos as horas foi o começo, a comemoração de algo no minimo diferente, terrívelmente bom que aconteceu nas nossas vidas...
...........

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DEAD CAN DANCE

Fecha os olhos. Ouve. Fecha os olhos. Não os abras nem por um segundo.

Quando abrires podes descansar e talvez sorrir :)

VIDINHA!!!


E se a vida fosse uma mulher? Uma mulher gorda e feia, daquelas a quem assenta como uma luva a dita verruga algures na cara mas bem visível e com pêlos, daqueles que se tiram e encravam e picam ao toque...E se a vida fosse uma prostituta vendável, qual objecto qual quê, uma máquina desprezível, com nojo, sem alma lavada com o coração conspurcado de homens sem rosto, sem existência, daqueles que se vão sem ninguém dar por isso? E se a vida fosse um homem? Um homem gordo, não, um homem magro, não, um homem normalíssimo, daqueles com que cruzamos diáriamente na rua, passasse despercebido quase, nome comum, profissão comum, vidinha comum... E se a vida fosse uma criança? Não podia ser. Não o é. A vida é a vida, é como ela se chama, sabe mais que uma criança para ser uma...não tem a forma de verruga andante...não é uma prostituta, vende, não se vende...não é um homem, não um banal que tenha uma vidinha.
A vida é a vida. Encerra-se em si mesmo, a vida tem o nome de vida, tem a forma que todos os dias vemos não sabemos onde...A vida pode estar onde não estamos, pode estar onde não a vemos. Podemos não estar na vida, nem a vida estar em nós.
Irrita-me a vida. Todos os dias discuto com ela. Irrita-me a vida porque é mais inteligente que eu.
Irrita-me o silêncio dela, quando já sabe de tudo, e não fala! E só se mexe quando se quer mexer, e quando não se quer mexer não se mexe.
E irrita-me ainda mais saber que aprendemos com a vida, sempre na tentativa de descodificar porquês da estúpida inteligência que lhe cabe sem lhe caber.
Mas quem é a vida. É uma sorte podermos pensar nela, alguns podem pensar nela!
Quem pensará na vida como ela realmente é? Questiono-me... E valerá a pena pensar nela? Quem pensa que não vale, o que anda a fazer nela?
Há pessoas tristes...aquelas que vivem a dita vidinha!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CÉU


Nos últimos tempos as palavras parecem-me escassas para a minha vida, para colocar no papel o tanto que percorre a minha mente, gostava de poder simplesmente mandar imprimir...

Confesso que não apenas escassas, mas também secretas...há tanta coisa que me parece não poder ser dito a não ser a ti...tanta coisa que parece ter de ficar entre nós até...até ao dia em que vai ser impossível ficar apenas entre nós, vai-se ver e a imagem vai ser linda. Digna de um quadro, que perpetue a harmoniosa junção dos nossos egos. Nem sempre virados para o mesmo lado mas sempre a correr na mesma direcção, o fim último é sempre o mesmo. É nosso.

A estes pensamentos juntam-se outros tantos "se". Que eu quero que se concretizem, quero começar a derramar tinta a sério no papel, quero adquirir a serenidade de colocar uma máquina de roupa para lavar, a maturidade de poder falar sem me abalar, abalando meio mundo!

Há sempre tanta coisa que fica por dizer naquele momento. Mas para mim é preciso apenas outro momento, aquele já lá vai...é tão lindo ver-se justiça ser feita de maneiras acrobáticas que nos fazem rir porque nunca tinhamos pensado naquilo, não daquela maneira.

Aleijei-me outra vez, ferida pequena, sarada pela insanidade envolvida. Aprendi. Espero aleijar-me mais. Mais forte fico, mais sei quem pelo menos não sou, quem sou...não quero saber, não faço nada para...mas quem não sou e não serei eu sei! Sabe bem!

Entre muitas outras coisas, porque há coisas que literalmente me caiem do céu, ando a olhar. E ando a adorar olhar mesmo que a podridão seja muita, tenho beleza tão perto.

Alguém que não se esquece de me lembrar para eu não me esquecer de mim. Lindo! Grande!

O céu não está nada cinzento, tem cor, tem vida, tem planos. Está digno de uma foto!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PÁGINAS LENTAS

E foi assim que aconteceu no dia 6 de Dezembro na FNAC. É a prova que basta as pessoas quererem para as coisas serem possíveis. A nobreza de sentimentos é linda...

Sinto-me realmente feliz por ter contribuído para a causa Guilherme, não apenas eu como todos os meus caros colegas escritores. Muito obrigada a eles também.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

NATAL...


Somos lembrados que está a chegar o Natal, é daquelas coisas que por mais que se queira não se consegue fugir...mas este ano algo está diferente, há menos luz, há menos enfeites, menos pompa também. Gosto mais da pouca luz, do brilho que a escuridão nos pode trazer. Acalma-me.

Tenho desde há muito uma relação dúbia, para não dizer estranha com estas festividades, simplesmente porque as acho ridiculas. E não, não é uma adolescente que está a querer chamar a atenção, "tipo eu sou rebelde não gosto do Natal"...sorri agora...não gosto por muitos motivos e fico mesmo triste ao vê-lo a aproximar-se.

Já sei de antemão que dias tristes, mórbidos, sem nexo se aproximam...dias em que tudo está fechado, nunca há uma porcaria de um café de jeito para se ir fumar um cigarro, dias frios repletos de pi-pis nos telemóveis e as mesmas tretas de sempre escritas "Feliz Natal...Este ano o Pai Natal...", as pessoas em casa a apanharem fretes descomunais porque não querem saber o que aconteceu durante uma ano ao familiar mais próximo já que a vida é tão agitada, mas tão agitada que durante o ano é muito complicado encontrarem-se...tem-se sempre muito que fazer, a comerem coisas que vão justificar todas as más disposições do dia seguinte, os tais exageros permitidos só porque é Natal.

Exibem-se boas roupas não vá a família pensar que estamos na penúria e dão-se prendas simbólicas, porque o Natal é o espírito, é a alma, ninguém está interessado em receber prendas, o que interessa são as boas intenções e de "boas intenções está o Inferno cheio!".

Não sou hipócrita e vou ser sincera, é chocante talvez, não sei...não tenho nada a dizer a nenhum familiar meu, não estou propriamente dito interessada em ouvir o que têm feito, que projectos têm conseguido...não gosto da ementa...por isso também não é isso que me vai fazer unir a uma família...mais...

Quero que os meus pais e o meu irmão, vá...e mais algumas pessoas estejam bem nesse dia e em todos os outros, que sorriam muito, que sejam felizes, mas felizes de coração, que sejam fortes para enfrentar esta vida, dura quando menos esperamos, quero ver aquelas cabeças erguidas!Naquele dia, hoje, amanhã...para sempre, que para sempre vivam comigo.

Não, não quero mensagens, nem cartõezinhos...de qualquer das formas não responderei, não posso abrir precedentes...

Quero muitas prendas!!!!!!!!!!!!!!!!Ai se eu pudesse..........sabia pormenorizadamente o que dar e a quem! Daquelas prendas em que nos questionamos por dentro "isto é para mim?" Quero dar prendas, prendas que eu goste, surpresas que me façam feliz...afinal o que é isso do simbólico quando pode não o ser?

E quero poder fazer feliz a pessoa maravilhosa que entrou na minha vida. Penso já há muito vir na minha direcção. Não há outra explicação.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

No dia ... na(o) ... o ... do LIVRO - PÁGINAS LENTAS




Um Blog a visitar...
Uma pequena caixinha de surpresas....

O LIVRO

que se vai saborear lentamente

CONVERSAS AQUI E ALI




Olhas-me nos olhos e lês na escuridão, lês-me, mais do que pensamentos sentimentos vivos que já deviam ter morrido.


Saboreiam-se lágrimas perdidas no tempo, em que eu penso que mais tarde vou compreender e ter pena de não ver a preto em branco.


Há pessoas que nascem assim, pessoas que nascem para um fim. Talvez seja mais cómodo sofrer, talvez seja mais fácil estar triste, talvez seja um vicio, uma necessidade para justificar uma tristeza ainda maior.


É triste saber o que se tem de fazer e não conseguir, não saber como. É como se estivesse no mar, consigo nadar, não consigo chegar à costa, chego perto...ainda consigo tocar na areia, mas depois vem uma onda mais forte e leva-me novamente.


Gosto de estar no mar, tenho forças para o enfrentar...já não estaria nele se assim não fosse estou certa, mas dói...as pernas estão cansadas, os braços também e os movimentos começam a ser mais lentos, menos certeiros pelo desgaste.


A alma está por todo o mar e às vezes é verdade aguenta-se nele, não procura a costa, às vezes até se afasta...até se esquece do fim último.


Fraquejo, culpo-me e vou culpabilizar-me para o resto da vida...não adianta ouvir o contrário ou num momento de lucidez que se pode prolongar com sorrisos ser racional e pensar que não tenho a culpa, a culpa de carregar fardos que não são meus, pensamentos que me assolam e não consolam apenas consomem e corroiem, actos quase que primitivos...actos mentais...que desaparecem com pouco, aparecem com menos ainda.


É um vai e vem, é uma onda gigante que me enrola, é uma nuvem que teima em fazer sombra, tantas sombras, é um não sei o quê, não sei porquê...é às vezes, é de vez em quando.


Nua. Sinto-me nua e com medo de não conseguir vestir pelo menos as pequenas peças que vejo, mas nem sempre as alcanço.


São bonitas, mas a roupa tem de ser vestida...como em tudo na vida até a nudez tem um tempo certo.


Obrigada. Sábias palavras. Certeiros olhares. Mas quero a festa.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

6 de OUTUBRO de 1981





E foi assim...e é sempre assim...
Tu ali ao lado, sorrisos cumplices de uma simplicidade que rasga a inocência de sentimentos.
Sentimentos sem porquê, lindos, partilhados em nós e por nós numa euforia calma, num não fugaz momento.
Fazer de tudo para demorar, demoramos para podermos morar quase que eternamente naquele espaço nosso e só nosso, antes, depois e para sempre.

Pensei que ía ficar triste uma vida inteira e tu disseste-me sorrateiramente que não!
Roubaste-me um beijo e perguntaste-me pelos outros, fizeste-me sorrir!
Chamaste-me e chamas-me de tola...não o dizes, a expressão facial fá-lo por ti e aqueces o meu coração.
Esvazias a minha cabeça de pensamentos maus com um sorriso e um acender de cigarro matreiro, a covinha está lá.
Danças frenéticamente ao som de letras que vais cantando com a energia do mundo e fazes-me acreditar.
Tu fazes-me ACREDITAR...na simplicidade simplesmente simples, simplesmente tua, agora nossa.
Estás no meu coração espreguiçado eu estou no teu, é para onde apontas quando vamos dormir e quando me dizes um "até já" para que eu não sinta saudades.
Saudades do nosso lugar.

Sabes que mais? Vivo uma vida "loca"!!!! Por TI, por MIM, por NÓS!
Vamos viver mais...MUITO MAIS!

BYTUABA :)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

CANDY


Candy...é apenas um instrumento, não há guitarra, não há bateria, não há baixo, não há vozes, nem aqueles pequenos trovões é mesmo um todo, a plenitude que procuramos na vida...

Esta é uma música que me escolhe por inteiro e não ao contrário... Ao contrário do que costumo fazer, escolher um instrumento e dançá-lo até ao fim, esta música escolhe-me e tudo abana!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

MUSIC


Uma tarde suada
Direcções sem fim
Rumos infinitos
Longe do perto
Perto do longe
Individuais não
Vamos falar
Talvez se possam juntar
Suspiros de cansaço
E a lua lá fora
Esperando o nosso presente
Arriscamos e na estrada vamos
Mil visões
Mil antevisões
O barulho do carro
O silêncio das ruas
São assim os dias em que as noites nos aquecem a alma
São assim os dias que ansiamos sem ansiar
São assim os dias que esperamos com calma
São assim os dias que nos fazem viajar
Uma ideia que brilha
Uma luz que seguimos
Um lugar sossegado
Uma paz bela
Uma beleza pura e sem horas
Horas num lugar
Intermináveis mas que terminam
Momentos soltos
Um cigarro a queimar
A luz movimentada da televisão
O calor que nos aquece
As voltas que damos
Enrolados em pensamentos
Tentativas quase furadas
Soltas gargalhadas
Perdidos objectos
Vagueiam no escuro
Rimos do tudo
Rimos de nada
Rimos de nervos
São coisas que não se podem perder
Ali no escuro esperando uma mão amiga

São assim os dias em que as noites nos aquecem a alma
São assim os dias que ansiamos sem ansiar
São assim os dias que esperamos com calma
São assim os dias que nos fazem viajar

O calor da tarde
A falta de apetite
O apetite voraz na altura errada
O velho dos pacotes
Fruta atirada
Raiva canalizada
Mais uma luz
Mais uma marrada
Esta porta abria com chaves de ferro
Não tinhamos o cartão
A placa estava trocada?115?não?
O que aconteceu ali?
Faltavam as gémeas
O papel de parede
Mas tinhamos as motas
Tinhamos a andorinha
Tinhamo-nos a nós!!
Qual letra do Pedro Abrunhosa qual quê??
P.S. - É mesmo para a cantares como quando o dito senhor poeta, que eu entretanto gosto, declama! :)

BA

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TU


Lembra-te...
Nunca te esqueças...
Olha bem no fundo...
Ouve as minhas palavras...
Sente-me...
Tudo...
Aquele tudo...
És TU...
E agora vem aquela parte em que não te deixo falar:)

PALAVRAS3PONTOS


E tudo porque recentemente me apercebi que tenho o hábito de colocar um ponto final no final do meu nome. Sim no final, escusado teria sido referir, mas como sempre tive uma relação mal resolvida com a pontuação...podia dar-se o caso de ser no meio...enfim...

Tenho especial atracção pelas reticências. Com elas tudo é possível, tudo é infinito, eterno e ao mesmo tempo termina quando a nossa imaginação assim o ditar, ou não, simplesmente dão-nos a possibilidade de deixar no ar. Deixar no ar é absolutamente maravilhoso, delicioso, lindo só de pensar nas possibilidades que nos passam logo pela cabeça.

Acordei a pensar em letras e palavras, rabiscos e peças, histórias e contos...coisas sem nexo, outras demasiado pequenas, outras impossíveis de resumir. Veio a pontuação, acho piada às pessoas que gesticulam as aspas, com os dois dedinhos de cada mão, imagino logo o ponto de interrogação, exclamação...nada com real interesse mas que de manhã pelos vistos preenche a minha mente.

Há quem goste de virgulas e mais virgulas, ainda me confundem mais as pessoas que fazem uso de ponto e virgula como se de um ponto final se tratasse, falo da frequência do uso, há também aquelas que colocam travessões...bem e por aí fora, há toda uma panóplia de símbolos estranhos aos quais fomos desde sempre habituados a usar, quanto a mim, como queremos.

Há quem argumente a pontuação, ou quem a defenda acérrimamente. Sim, já me aconteceu não perceber à partida algo por ausência de pontuação, ainda assim preferível à pontuação mal feita.

Não que exista uma correcta, mas como seres de hábitos cedo nos colocamos dentro das balizas convencionais.

- Pontuação?!...incorrecta; há quem o diga, mas citando X: "Blá...blá (...) blá."

Um pequeno exemplo do que eu não gosto de fazer.

Eu gosto de escrever, ler fluidamente e parar quando assim o desejar, voltar atrás se necessário para entender, e se tiver paciência talvez corrigir, não é assim que vivemos? É assim que eu escrevo, escrevo como vivo, escrevo como falo. Escrevo acima de tudo para mim, para alguém, essencialmente exponho passos de dança numa quase coreografia que até acaba por ficar bonita.

Mas não é a beleza que procuro, muito embora só consiga sobreviver a este caos rodeada dela, é a única coisa que peço, beleza. Não se precipitem com juízos de valor apressados ao associarem a beleza ao mundano...

O que eu procuro é a verdade das palavras, a verdade cobre-se de pureza e da nossa cor favorita, envolve-se de uma paz e de um amor infinitos, delicia-se com um doce sabor amargo, às vezes pica, às vezes faz sorrir.

A verdade no sentido literal de palavra, é/há só uma.

E só essa nos toca.

Para quê a pontuação...