quinta-feira, 12 de março de 2009

O CORREDOR


No outro dia à noite enquanto fazia a ronda pelos canais, um filme por sinal francês, chamou-me a atenção. Parecia daquele tipo de filmes que nos vão revelar ou reforçar uma espécie de licção de vida. Acreditei mesmo nessa surpresa, pensei mesmo que me ia fazer pensar em algo que nunca tinha pensado ou por outra perspectiva.

Apesar de serem desenhos animados, em vez de actores de carne e osso, segui em frente. O filme não teve mais do que uma hora e eu até hoje não percebi, se calhar percebi e é algo que não quero ver, não sei...este filme deixou-me mesmo inquieta, a ponto de querer saber a vossa opinião e por isso passo a contar o filme.


O filme focava a vida difícil de um casal, marido desempregado e já farto de procurar emprego, a ponto de preferir e acomodar-se às tarefas domésticas, e mulher com um trabalho muito incerto, pareceu-me uma fábrica, empresa que estava prestes a falir.

Cientes dessa situação a mulher encoraja o homem a procurar algo, caso contrário não teriam como sobreviver. Ele acorda para essa realidade quando certo dia a mulher chega a casa com a carta em como foi despedida.

O homem decide sair de casa e mais uma vez nas suas caminhadas encontrar alguma coisa, uma coisa qualquer...nada...já de regresso a casa passa por uma loja de antiguidades. A montra exibia uma espécie de bonecos tribais de madeira, um dos quais se mexe e interage com o homem. Este em pânico, no fundo a achar que estava a enlouquecer desmaia.

Quando acorda está dentro da loja, com o seu dono que o socorreu e o tentava acalmar, deveria ter sido do cansaço certamente.

O dono da loja oferece-lhe um trabalho, mas não podia haver trabalho mais estranho do que aquele, assim ele pensou nos primeiros tempos.

O trabalho consistia nada mais nada menos do que passar o dia inteiro sentado numa cadeira, a vigiar uma arrecadação nas traseiras da loja. A ordem era expressa, não podia sair dali, nem tão pouco se distrair, tinha que estar muito atento, afinal estava a guardar reliquias de prováveis ladrões.

Chegou a casa e deu a boa nova à mulher, que mesmo considerando um trabalho estranho ficou extremamente feliz, pelo menos um deles estava bem e daria concerteza para os gastos.

Vê-se que se passam dias e dias...meses talvez e o homem continua ali sentado, por vezes um pouco inquieto, questionando-se o que estava ali a fazer e qual o propósito de tudo aquilo, pensava e repensava...mas precisava do dinheiro sujeitou-se.

O dono da loja a cada dia que passava o eleogiava mais, que fazia um trabalho muito bom, que estava a ser de uma utilidade extrema, no fundo pareceu-me mais uma motivação para não admitir que aquele trabalho era no minimo entediante.

Entretanto as coisas em casa já não são as mesmas. Chega a casa sempre demasiado cansado, praticamente não ouve a mulher, nem tão pouco as suas questões (pertinentes), conselhos...tornou-se num homem muito ocupado, começa a fazer horas extra e tudo a pedido do chefe. A mulher não queria agredir a auto-estima do marido, mas achava que todo aquele empenho, tudo aquilo era realmente demais...para além do trabalho ser estranho, o mais estranho era o homem estar tão absorvido em algo...não se compreendia.

E desiste, desiste da relação, da casa, do marido...não aguenta mais ser deprezada a ponto de se ter tornado invisivel para quem amava e sempre apoiou a arranjar uma ocupação, mas nunca com o objectivo de ser trocada, bem pelo contrário. Faz as malas do marido e resolve passar na loja para avisar o que vai fazer, o que é facto é que nem isso pode fazer, o dono da loja foi muito assertivo: "Ele está a trablhar, não se pode distrair". A gota de água e vai-se embora.

Ao contrário do que se podia esperar tendo enconta o amor que inicialmente ele demonstra pela mulher, fica triste, mas não se importa muito, afinal tinha um trabalho e que pelos vistos lhe dava muito trabalho!Estar sentado a vigiar uma porta...passa a dormir lá, a vida dele mudou-se definitivamente para aquela loja de antiguidades.

Num dos dias, sentado na cadeira quase adormece, chega a fechar os olhos, mas abre rápidamente quando se depara com o dono da loja a vir da arrecadação em direcção a ele. Pede mil desculpas, confessa ter sido a primeira vez que tal lhe acontece, teme pelo seu emprego.

Para espanto de todos, o dono da loja não o deixa desculpar-se, elogia-o até pelos avanços que ele tem conseguido...e diz "Eu passo aqui todos os dias, e hoje finalmente me conseguiste ver!".

Obviamente que o homem não deixou de achar aquilo estranho, mas mais uma vez não deixou de ficar feliz por estar a evoluir, mesmo sem saber de nada do que se estava a passar.

Certo dia o dono necessita de se ausentar em trabalho, e considera que já o pode fazer sem qualquer problema, pois já confia o suficiente no pobre coitado do homem. Este fica preocupado..."Então e se alguém entrar na loja como faço? Não posso deixar de vigiar a porta!", "Não te preocupes que isso não vai acontecer, estão todos avisados", disse o dono da loja enquanto se ia embora.

Passados uns dias entram uns assaltantes, ele tenta espantá-los, resulta dali uma grande luta...em que o homem sai vencido amarrado com cordas na mesma cadeira. O estranho reside que no meio da discussão, luta o homem descobre que nunca esteve a guardar nada, nunca houve nada naquele compartimento. Ele nunca esteve a guadar nada...

Fica ali a definhar e a ter delirios com a mulher...no fundo que demonstravam o arrependimento de tudo o que a fez passar...mas não passava da imaginação dele...


Aguardo explicações... :)

1 comentário:

Dalaiama disse...

Puxa! Que história louca!
Nem sei o que dizer...
Faz pensar mas nem sei em quê!
Fica-se com uma sensação estranha, é muito impressionante!!