domingo, 27 de abril de 2008

CIARA - LIKE A BOY

A música que vou dançar em palco!!!!Rendi-me por completo ao hip-hop!!É lindo quando conseguimos expressar fisicamente uma letra que se sente e que se harmoniza com movimentos e muiiiiiiiiiiiita sensualidade!:)

CHEIROS


Tenho tanto para escrever, para falar, para soltar...a minha necessidade de evasão acumula-se dia após dia sem que o meu corpo se mexa, se sinta, se ressinta. Apenas vou guardando memórias cada vez mais vivas na minha alma, no meu coração. Memórias, recordações, palavras, gestos e promessas...coisas das quais não me consigo desligar nem por escassos momentos, o momento de uma gargalhada é rápidamente cortado com outra gargalhada interior de uma outra coisa qualquer. Sinto-me a viver uma vida que já foi a minha, a reviver e a tentar sobreviver a um presente que pode ser lindo, pode, mas na realidade acaba por não ser, tantos são os fantasmas que o consomem, as realidades passadas que o ocupam, os sentimentos de outrora que o perpetuam.
Às vezes acordo e luto, e quero lutar, e quero olhar para a frente como se o caminho tivesse começado aqui, com o devido amor dentro do meu coração que minuto após minuto se parece alimentar de falsas ilusões, e de esperanças infundadas. Mas depois...e foi o que me levou a escrever este texto agora, neste preciso momento...um cheiro, um simples aroma consegue destronar tudo o que conquistámos ou pensámos conquistar em semanas, meses até. E aí damo-nos conta que a nossa fuga não passa disso mesmo, de uma fuga, é também um processo, mas não é um processo que nos permita ganhar forças, amadurecer e acima de tudo ultrapassar de forma o mais possível positiva e sorridente o que tantas lágrimas já nos fez derramar. Damos conta que afinal estamos na estaca zero e que a casa continua por construir, aquela pequenina casa onde vamos guardar o sentimento para todo o sempre, sabemos onde ele está e como tal escusamos de andar sempre a revivê-lo, a procurá-lo e talvez a encontrar dentro da nossa organização, momentos desarrumados, dos quais ainda não fizemos o verdadeiro luto. Aquele que nos permite viver em paz.
Começar a construção demora, custa...e não se quer, não se quer...talvez o cheiro seja mais forte do que aquilo que um dia pudemos sequer imaginar.
Olhei para o frasco, não era de perfume...e ainda pensei em ignorar o pedido feito em voz alta no meu coração, mas não consegui. Abri a tampa, olhei, deitei todo o ar fora que tinha dentro dos meus pulmões e inspirei de olhos bem cerrados...que maravilha...vozes, risos e sorrisos, palavras, dias, calor, cansaço, fome, um beijo, um banho...uma série de imagens passaram a mil mesmo diante de mim, imagens da minha vida e de cada vez que aproximava o nariz a história continuava e se não me tivesse olhado ao espelho e ter tido pena de mim mesma, teria certamente ficado ali o resto da noite.
Acho que tão depressa não me esquecerei da cara que vi reflectida no espelho, uma cara que não era a minha, uma expressão que eu já não me lembro de fazer, de ter, um sorriso, um sorriso que só consigo descrever como estúpido e que lentamente me levou a um choro silencioso, ainda que compulsivo, só de pensar no estado a que as pessoas chegam.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

CAMALEÓNICA??











Vai uma votação?:) Não consigo ficar muito tempo igual, cansa-me, entedia-me...e cometo pequenas loucuras que também me satisfazem por pouco tempo, aliás como tudo na vida. Acho que o meu aspecto é o lado mais visível da minha impaciência com a vida. Como ela não muda, ou parece não querer mudar, mudo eu!!Mas só por fora...Ao olhar estas fotos, vejo uma pessoa diferente em todas elas...não, não tenho várias personalidades...estranho, mas vai-se entranhando até acordar com uma nova ideia, que entretanto não sei se é bom, ou se é mau, tenho coragem de colocar sempre em prática!Qual será o meu novo look, neste momento, nenhum dos que aqui estão... Qual virá por aí?Hummm...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

LIFE...QUERO


Quero deixar de procurar incessantemente por respostas que justifiquem a minha vida e os acontecimentos que a têm preenchido, tanto os bons, como os maus.
Quero deixar de fazer eternas retrospectivas ao meu mais intimo, ao meu passado na tentativa desenfreada de arranjar uma culpa minha, a minha falha, onde residiu o meu erro que originou danos tão grandes.
Quero entender de uma vez por todas a frase que ouço constantemente "segue com a tua vida para a frente", não só quero entendê-la como quero colocá-la em prática.
Quero deixar para trás os fantasmas que um dia me atormentaram e atormentaram quem um dia me amou e discernir que o passado é passado e nele não posso tocar, e que o presente é para ser vivido.
Quero sentir-me livre mas em paz, e não sentir a necessidade de justificar todos os meus actos, que entretanto têm sempre compreensões distintas, ambíguas e regra geral nada têm a ver com a realidade.
Quero deixar de sentir necessidade de provar quem sou, e o que sinto, e por quem.
Quero esquecer que as opiniões alheias existem, e aprender a lidar com elas com a indiferença que lhes é merecida.
Quero viver de cabeça erguida, sem medo de assumir os meus erros, mas também com a leveza de saber viver com eles, e de acima de tudo desdramatizá-los.
Quero-me sentir orgulhosa por mim e pela sinceridade que sempre tentei imprimir à minha vida independentemente das consequências da verdade.
Quero muito, mas mesmo muito parar de sofrer de uma vez por todas por tanta especulação, por não perceber o que se calhar não é para perceber e não tem justificação que se resuma a uma linha linear e clara.
Quero acreditar que a vida continua e que a felicidade pode estar à espreita ainda em qualquer outro lugar.
Quero deixar de ter pena, pena de nós, pena de mim, pena do que poderia ter sido, do que poderia estar a ser...estou cansada de pensar que tudo isto é uma pena e que só acontece por minha culpa...porque não fiz isto, porque não disse aquilo, porque não abdiquei de não sei o quê,porque não fui demasiado persistente...
Tantos "tantos", tantos porquês, tantas culpas, tantas indecisões, tantos "se", tantos "e agora?", tantos "como?"...
E eu? Onde é que eu estou? Onde é que eu fico? Serei eu uma pessoa tão miserável, que de resto é o que me ocorre mesmo, que mereça tamanha auto-culpabilização?
Serei culpada do meu fracasso, ainda que tenha sido uma bola de neve de acontecimentos que me levou a ele literalmente, a qual eu por amor não fui capaz de travar? Ou será apenas o destino e as coisas acontecem porque têm de acontecer?
Algo termina, para algo começar?
Quero salvar-me e preciso muito de mim.
Rita onde estás tu. Encontra-te. Encontro-me. E vou ficar por aí, comigo.

domingo, 13 de abril de 2008

CONTINUAÇÃO BOOK (3)


....tinha delineado, e não pretendia ser de outra forma. Estar com aquelas crianças, dar-lhes o seu melhor, o seu amor e sua alegria, que às vezes só sabe Deus onde a vamos arranjar, realizava-a enquanto pessoa, enquanto ser humano.
E naquele dia que sorria lá fora decidiu levar as crianças para o jardim, para apanharem sol, sentirem a brisa e os cheiros da natureza. Tinha preparado uma aula diferente, como sempre foram.
Sabia que a única maneira de os manter sossegados, ou pelo menos mais quietinhos era cativá-los com algo que não conhecessem, ainda que pudessem não perceber ela sabia que iriam ficar a pensar e iriam criar as suas próprias histórias, imprimir as suas fantasias a personagens que achassem caricatas…Depois de os reunir em circulo, todos sentados…
-Hoje vou-vos contar uma história! Boa! Mas aviso-vos já que não é uma história qualquer…é uma lenda! Alguém sabe o que é uma lenda? Levantem os bracinhos!
-É uma história mentira!
-É uma história que se conta às crianças para elas terem medo e para comermos tudo!
-O meu pai de cada vez que a minha mãe me obriga a comer a sopa fala-me do papão. Acho que a lenda é o papão!
-Não é nada! A lenda é pessoas velhas que contavam histórias velhas!
-Bem estou a ver que vocês andam muito informados! E mal! Então agora quero que prestem muita atenção e ficarão a perceber o significado de “lenda”! Sim? Preparados?
Vamos a isso…
Era uma vez uma pequena pastora. Certo dia enquanto andava com os seus animais a passear pelos campos descobre uma gruta e dentro dessa pequena gruta, qual não é o seu espanto quando encontra uma estátua de Nossa Senhora. Mal se aproximou dela, achou-a muito bonita e depressa a agarrou, e esta passou a ser o seu brinquedo e a sua companhia favorita.
Um dia, a mãe estava já farta de a ver brincar com o que parecia ser uma boneca que, numa discussão, agarrou-a e atirou-a para dentro da lareira. A menina ao ver isto, em pânico, correu de imediato atrás da estátua conseguindo tirá-la das chamas. Por incrível que pareça, mesmo com as chamas, a estátua ficou intacta, não estava nada queimada, nem partida, parecia que nem tinha sido atirada para uma lareira! Só podia ser milagre, e um milagre que rapidamente se espalhou por toda a aldeia, todas as pessoas falavam da estátua que tinha sobrevivido intacta às chamas do fogo, acreditavam mesmo que poderiam estar diante de um milagre e foi então que decidiram colocar a estátua da Senhora numa Igreja decente, e assim foi. Mas algo muito estranho aconteceu… A estátua pouco tempo depois desapareceu, sem ninguém perceber como e porquê. Depois de muito a procurarem encontraram-na onde?
-Foi a menina! Foi ela!
-Não, calma…ouçam…
Encontraram-na na gruta onde a pastorinha a vira inicialmente.
Depois de mais algumas tentativas, de tentarem colocar a estátua em locais mais bonitos, onde todos a pudessem ver, descobriram que a estátua parecia ser milagrosa e desaparecia sempre, aparecendo de novo na gruta. A estátua não parecia querer mudar de casa e foi aí que se lembraram de construir uma nova capela, desta vez no sítio que a estátua tanto parecia gostar.
Desde aí, a estátua não desapareceu mais e ainda hoje o penedo encontra-se intacto dentro das paredes da Igreja.
À volta desse penedo surge depois uma nova lenda, era um penedo grande mas que escondia uma passagem estreitinha, daquelas passagens em que parece que nunca cabemos, o estranho é que todos a conseguem passar por mais gordos que sejam, por mais barrigas gigantes que tenham.
Por não se entender muito bem o porquê de até os mais gordos conseguirem passar num sítio tão estreito, o povo diz que todas as pessoas de boazinhas, que fazem o bem aos outros conseguem passar, independentemente de serem gordas ou magras; só não passam os pecadores.
-Outra curiosidade, sabiam que na sacristia existe um réptil embalsamado? Conhecido como o Sardão da Lapa, algo estranho para se guardar numa Igreja. Ou não! Diz uma nova lenda que um homem, possivelmente na Índia, teve um encontro furtivo com aquele feroz animal. Em pânico, gritou pela Nossa Senhora e esta salvou-o, e como recompensa, como forma de agradecimento por a Nossa senhora o ter acudido, ele resolveu embalsamar o animal e trazê-lo até ao Santuário em Portugal, como prova do seu profundo agradecimento.
-E que tal gostaram? Ficaram a perceber o que é uma lenda?
-Sim! Sim! Conta mais!
-E era um crocodilo daqueles grandes e maus?
As questões não cessavam…Ficaram muito excitados com a história, queriam saber mais, havia aqueles mais desconfiados que remodelavam a história em três tempos de forma enigmática como se estivessem a resolver um crime…a mente das crianças voa, não tem medo de cair…Estava a ficar escuro, frio e era altura do lanche e embora ela mantivesse sempre um sorriso nos lábios e uma ternura incansável estava se ser...



Continua...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

GUILLERMO VARGAS HABACUC









Como muitos devem saber e até ter protestado, em 2007,Guillermo Vargas Habacuc, um suposto artista, colheu um cão abandonado de rua, atou-o a uma corda curtissima na parede de uma galeria de arte e ali o deixou, a morrer lentamente de fome e sede. Durante varios dias, tanto o autor de semelhante crueldade, como os visitantes da galeria de arte presenciaram impassiveis à agonia do pobre animal. Até que finalmente morreu de inanação, seguramente depois de ter passado por um doloroso, absurdo e incompreensivel calvario.
Parece forte?Pois isso nao é tudo: A prestigiosa Bienal Centroamericana de Arte decidiu, incompreensivelmente, que a selvageria que acabava de ser cometida por tal sujeito era arte, e deste modo tão incompreensivel Guillermo Vargas Habacuc foi convidado a repetir a sua cruel acção na dita Bienal en 2008. Facto que podemos tentar impedir, colaborando com a assinatura nesta petição :

quarta-feira, 9 de abril de 2008

CONTINUAÇÃO BOOK (2)


Com um movimento brusco, atira-lhe o telefone e percebe-se que do outro lado ainda está alguém a falar…não sabe o que há-de fazer…
-Não posso agir por si, isso eu não posso fazer. Não posso nem quero decidir por si… Estudei psicologia, é verdade, mas isso não me dá o direito ou as capacidades para actuar como Deus, decidindo acerca de questões tão pessoais e íntimas como esta. Aliás, eu utilizei uma péssima comparação porque, no fundo, eu acho que se existisse algum Deus ele não permitiria que o mundo fosse assim.
-Deus… Acha que Deus deve ser responsabilizado pelos nossos erros? Podemos acender um fósforo e acusar Deus de não ter feito chover naquele momento exacto? Tratamo-lo sempre como se de um escravo se tratasse, alguém que existe para satisfazer os nossos desejos a troco de uma oração memorizada ou de uma vela acesa.
Depois de uma ligeira pausa, voltou a baixar o tom de voz.
-Não divaguemos mais. Vá falar com os seus sogros, é o meu conselho, não adie o inadiável, vai ver que se sentirá melhor e pense na Madalena, mais do que nunca precisa dos avós.
A Sara está nervosa, está a decidir com a cabeça quente. Além disso, eu sou a pessoa menos indicada para fazer isso.
-Não estou em condições para conduzir, não vê!
-Se decidir ir, eu própria a levo.
Apesar de resistente, acedeu ao pedido, ela apenas estava a evitar sofrer mais, chorar mais, mas o sofrimento era inevitável, e mais valia sofrê-lo agora. Chegaram. Depois das apresentações reuniram-se na sala, a psicóloga achou por bem ir brincar com a Madalena, quando o pai diz:
-Chegou hoje um envelope endereçado a nós, mas é para ti…não sabemos o que é, mas não nos pareceu correcto sermos nós a abri-lo, de qualquer das formas parece óbvio que ele queria que o abrisses connosco…
Ela concorda, fica hesitante, com muito medo de ler o que quer que fosse vindo dele…

O envelope começa, finalmente, a ser aberto. Lá dentro estava uma folha rasgada, ainda mais maltratada que o envelope, e preenchida com uma série de traços e riscos que só a muito custo podiam ser identificados com letras. Respirando fundo uma última vez…
-Começa assim:


“Sara e Madalena, neste momento apenas me resta pedir perdão. Não fui capaz de vos salvar, pelo que este era o único caminho a seguir.
Espero que não encarem o meu acto como um mero suicídio irreflectido, mas antes como um acto de libertação e expurgação. Espero também que ele não suscite quaisquer sentimentos de culpa pois, a existirem, esses são da inteira responsabilidade do destino. Estamos em 1996 e o destino já é o culpado.”

-Podem-me explicar que data é esta?
-Isto não pode ser para mim! Que brincadeira de mau gosto é esta?
-Continua a ler…só assim vamos perceber…
-Mas não percebem que só o conheci em 2005?
-Mais uma razão para leres…
-O que me estão a esconder?
-Lê, por favor…


18 de Novembro de 2005
O dia estava como há muito não aparecia, o sol apesar de fraco, brilhava no céu, e as nuvens negras que até aqui assombravam a cidade estavam cinzentas, quase que prometiam desaparecer. As crianças naquele dia estavam particularmente irrequietas, devia ser do sol, há tanto escondido, ela própria estava a ser invadida por uma sensação de alegria e vivacidade únicas…o tempo sombrio faz-nos inevitavelmente mais tristes…e aquelas crianças precisavam de felicidade, de alegria, de momentos de sorrisos e gargalhadas soltas, como todas as crianças precisam. Precisam de amor, não esperavam dela uma mãe, que dá ordens, que discute, que às vezes não tem paciência, que chega a casa cansada do trabalho, que a única coisa que anseia é esticar-se na cama e não ouvir um único som, apenas o do silêncio, aquele que não obteve desde o momento em que acordou. Não esperavam isso dela, esperavam precisamente o oposto, esperavam alguém que ali estivesse a tempo inteiro, alguém sem vida própria a não ser aquela, disposta a espalhar cor e alegria em tudo o que faz, em cada criança que toca, alguém que sabe passar a mão na cabeça, perdoar as travessuras e ter paciência infinita para aqueles pequenos diabretes. E era isso que ela era, não era apenas uma mulher, não era somente uma educadora de infância, ela era mãe, irmã, amiga, avó…todas aquelas pessoas imprescindíveis ao nosso crescimento, à nossa maturação, que assistem aos percalços das nossas vidas não de braços cruzados mas com uma voz activa sempre disposta a salvar-nos, a dar-nos a mão, mesmo que sejamos os mais culpados deste mundo. Era ela. Era essa a vida dela, já há muito a...


Continua...
Nota: Eu sei que a imagem nada tem a ver com o texto, mas eu não consigo não colocar imagem, é mais forte do que eu!!!:) Parece que o texto fica despido e feio e então coloco minhas, assim nada tem a ver com nada!! Porque também não gosto de colocar uma imagem que não tenha a ver com o texto havendo! Ora, se não há, e se eu não consigo deixar de colocar foto, ponho uma minha. Fiz-me entender? Creio que estou com alguns pequenos grandes problemas de expressão, o que me assusta solenemente e creio também que estou a justificar o que não interessa a ninguém saber, o que também não me parece normal, mas...

domingo, 6 de abril de 2008

BOOK (1)


28 de Março 2007

-Preciso de ajuda! Por favor, preciso de ajuda…
-Mantenha-se calma. A ambulância já vai a caminho.
-Mas ele… Ele não se mexe nem respira. Eu acho que ele não está a respirar… Ele precisa de ajuda, rápido! Rápido!
-Tenha calma, por favor. Não vou conseguir ajudá-la se não se mantiver controlada. Tente explicar-me melhor o que aconteceu, tente…
-Eu não sei! Ele está… Não sei, ele está deitado! Ele está deitado e… e… Venham rápido, por favor, eu não sei o que fazer. Oh, meu Deus…
-A ambulância deve estar mesmo a chegar. Confirme-me novamente a morada, por favor.
-Oh meu Deus, ele não está mesmo a respirar… Oh, meu Deus… O que é que eu faço? Ajudem-me, tem de me ajudar, rápido…
-Está? Está?
-(silêncio)
-Está? Por favor, não desligue o telefone! Fale comigo! Através do pulso consegue sentir os batimentos cardíacos?
-Venham rápido! Eu… Eu não percebo. Porquê? Porquê?
-O que se passa? Aconteceu mais alguma coisa? Não deixe de comunicar comigo! Está? Ainda aí está?
As horas seguintes foram de uma lentidão atordoante. Os ponteiros do relógio mantinham-se inflexíveis, na sua rotação incessante, mas tudo o resto parecia mover-se de uma forma extremamente morosa. As sirenes, as paredes brancas do hospital, o desolador regresso a casa.
Tal como acontece no cinema, as imagens não pedem permissão para se sobrepor uma a seguir à outra, mesmo que estejamos a odiar o argumento ou nos apetece mudar completamente a história. Essa história, para o bem e para o mal, está escrita e delineada, e já ninguém a conseguirá mudar. E o facto de fecharmos os olhos de pouco servirá. Os olhos fecham mas as imagens continuarão, ficando o som encarregue de nos lembrar desse pormenor.
É nestas alturas da vida que o mundo parece mais simples e, ao mesmo tempo, nada parece fazer sentido. É provavelmente o único momento em que todos deixam cair a máscara, os trajes e a ambição. Frio e desolado como um pedregulho, o coração deixa de ter utilidade a não ser bombear o sangue, e mesmo para essa tarefa, o esforço agora requerido é quase sobre-humano.
Depois de bater duas vezes à porta, esta é finalmente aberta por um fantasma.
-Olá, eu sou psicóloga do departamento médico do Hospital S. Teotónio (da PSP). Desde já, gostaria de apresentar os meus sentidos pêsames. (silêncio) Embora isso nem sempre aconteça, neste tipo de situações gostamos de visitar os familiares mais próximos, dando, tanto quanto possível, o nosso apoio e compreensão. É verdade que nem sempre somos acolhidos com a maior receptividade mas… Como está a reagir, Sara?
A pergunta não suscitou qualquer reacção.
-Posso entrar?
Os seus olhos, embora continuassem vazios, levantam-se ligeiramente.
-Claro. Desculpe o meu estado.
-Obrigado. Eu sei o que está a passar e certamente não é nada fácil. Aliás, o caminho que agora vai ter de percorrer é penoso, longo e doloroso, mas nem por isso devemos baixar os braços e desistir. Não tenho razão? Ainda para mais eu sei que tem uma menina linda, que nasceu há pouco tempo.
-É verdade.
-Como está ela?
-Como posso saber? Só tem dois meses, provavelmente nem deu conta de nada.
-Posso vê-la?
- Ela está a dormir lá em cima.
-Acontece, por vezes, que desviamos a atenção daquilo que nos é mais importante. E isso é compreensível, tendo em conta o nível de stress e fadiga psicológico pelo qual as pessoas passam. Tem algum familiar que possa ficar consigo estes dias?
-Não.
-E acharia benéfico ter algum acompanhamento ou alguma ajuda para tomar conta do bebé?
-O quê? Nunca precisei nem vou precisar de ajuda. Está a insinuar que não sou capaz de cuidar da Madalena? Mas estarão todos doidos?
-Desculpe, se calhar expressei-me mal…
-Não tentem retirar o pouco que me resta!
-Ninguém insinuou isso e, por favor, tente compreender o meu papel. Estou aqui apenas para tentar ajudar, nada mais. E, por mais insuficiente que isso possa parecer, boa parte da ajuda que tenho para oferecer resume-se a um ombro amigo, um pouco de conversa pelo qual pode desabafar e eu vou percebendo quais são os maiores problemas. Milagres, ninguém os fará, mas conversando um pouco talvez consigamos trazer alguma paz.
-Quer ajudar-me? Quer trazer-me alguma paz? Diga aos meus sogros que quero ficar sozinha, e que agora não vou lá a casa...
Continua...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

THE NICEST THING

All I know is that you're so nice,
You're the nicest thing I've seen.
I wish that we could give it a go,
See if we could be something.
I wish I was your favourite girl,
I wish you thought
I was the reason you are in the world.
I wish I was your favourite smile,
I wish the way that I dressed was your favourite kind of style.
I wish you couldn't figure me out,
But you always wanna know what I was about.
I wish you'd hold my hand when I was upset,
I wish you'd never forget the look on my face when we first met.
I wish you had a favourite beauty spot that you loved secretly,
'Cos it was on a hidden bit that nobody else could see.
Basically, I wish that you loved me,
I wish that you needed me,
I wish that you knew when I said two sugars, actually I meant three.
I wish that without me your heart would break,
I wish that without me you'd be spending the rest of your nights awake.
I wish that without me you couldn't eat,
I wish I was the last thing on your mind before you went to sleep.
All i know is that you're the nicest thing I've ever seen;
I wish that we could see if we could be something
Kate Nash

terça-feira, 1 de abril de 2008

PORTO




Duas cidades tão próximas, duas realidades tão diferentes. Porto, uma cidade com alma e espírito gigantes, que alimenta vivamente todas aquelas pessoas tão diferentes, tão iguais que deambulam frenéticamente pelas ruas da cidade, imprimindo um dinamismo e uma cor que altera as tonalidades acinzentadas que contornam cada recanto de cada esquina que viramos.
Em cada esquina encontra-se uma cor, uma alma, um sorriso e uma voz alta e firme. Gente com garra e sangue nas guelrras, que não tem sangue de barata, e que bate o pé com aquela melodia linda sem olhar a quem.
Os olhares não se trocam, confrontam-se e dispersam-se com a mesma intensidade com que se encontraram.
As gargalhadas altas não ecoam, são tão somente absorvidas por outras gargalhadas e por pessoas que tentam vender o seu "peixe" em pequenas ruelas com tralhas e tralhinhas absolutamente deliciosas, com quem se troca uma palavra e eventualmente uma conversa para uma tarde inteira.
Uma cidade que nos preenche, que nos acolhe e que nos ama como realmente somos, onde o gorro não é sinónimo de doença ou toxicodependência, óculos gigantes não são sinónimo de alguém que tenta esconder as olheiras que a noite passada provocaram, que sapatilhas não são sinónimo de desleixe mas sim de conforto e estilo próprio, em que usar pirecings não é sinónimo de irresponsabilidade, e em que um meter de conversa não é um sinónimo de um convite a algo mais.
Também no Porto tudo isto deve existir...mas a minha experiência, esta experiência foi absolutamente sorridente, pela serenidade que me imprimiu, pela certeza, confirmação de que existem pessoas que correm pela vida e na vida pelos seus sonhos sem olharem a impossibilidades, sorrisos que escondem desgraças que pelo menos por instantes são relegadas para segundo plano, porque a vida é para ser vivida com as forças que temos, com a dignidade que temos, com toda a alegria que temos. Porque a felicidade, essa está nos pequenos pormenores, naqueles que nem nos apercebemos, mas se no final do dia, o espremermos são essas coisas que ficam no pensamento.
Venha mais PORTO CARAGO!!!