segunda-feira, 14 de abril de 2008

LIFE...QUERO


Quero deixar de procurar incessantemente por respostas que justifiquem a minha vida e os acontecimentos que a têm preenchido, tanto os bons, como os maus.
Quero deixar de fazer eternas retrospectivas ao meu mais intimo, ao meu passado na tentativa desenfreada de arranjar uma culpa minha, a minha falha, onde residiu o meu erro que originou danos tão grandes.
Quero entender de uma vez por todas a frase que ouço constantemente "segue com a tua vida para a frente", não só quero entendê-la como quero colocá-la em prática.
Quero deixar para trás os fantasmas que um dia me atormentaram e atormentaram quem um dia me amou e discernir que o passado é passado e nele não posso tocar, e que o presente é para ser vivido.
Quero sentir-me livre mas em paz, e não sentir a necessidade de justificar todos os meus actos, que entretanto têm sempre compreensões distintas, ambíguas e regra geral nada têm a ver com a realidade.
Quero deixar de sentir necessidade de provar quem sou, e o que sinto, e por quem.
Quero esquecer que as opiniões alheias existem, e aprender a lidar com elas com a indiferença que lhes é merecida.
Quero viver de cabeça erguida, sem medo de assumir os meus erros, mas também com a leveza de saber viver com eles, e de acima de tudo desdramatizá-los.
Quero-me sentir orgulhosa por mim e pela sinceridade que sempre tentei imprimir à minha vida independentemente das consequências da verdade.
Quero muito, mas mesmo muito parar de sofrer de uma vez por todas por tanta especulação, por não perceber o que se calhar não é para perceber e não tem justificação que se resuma a uma linha linear e clara.
Quero acreditar que a vida continua e que a felicidade pode estar à espreita ainda em qualquer outro lugar.
Quero deixar de ter pena, pena de nós, pena de mim, pena do que poderia ter sido, do que poderia estar a ser...estou cansada de pensar que tudo isto é uma pena e que só acontece por minha culpa...porque não fiz isto, porque não disse aquilo, porque não abdiquei de não sei o quê,porque não fui demasiado persistente...
Tantos "tantos", tantos porquês, tantas culpas, tantas indecisões, tantos "se", tantos "e agora?", tantos "como?"...
E eu? Onde é que eu estou? Onde é que eu fico? Serei eu uma pessoa tão miserável, que de resto é o que me ocorre mesmo, que mereça tamanha auto-culpabilização?
Serei culpada do meu fracasso, ainda que tenha sido uma bola de neve de acontecimentos que me levou a ele literalmente, a qual eu por amor não fui capaz de travar? Ou será apenas o destino e as coisas acontecem porque têm de acontecer?
Algo termina, para algo começar?
Quero salvar-me e preciso muito de mim.
Rita onde estás tu. Encontra-te. Encontro-me. E vou ficar por aí, comigo.

5 comentários:

Maria Cota disse...

E querer é poder!!
Mil beijinhos miga!!!
Mary

joshua disse...

O que nos mata e gratifica é a sensibilidade, Rita. Quanto maior, mais temos o que Querer e menos nos resignamos como os outros se resignam.

O teu sítio é quente e acolhedor, tal como tu. E as tuas palavras, lá, foram intensas e ajustadas ao meu pathos doido, pelo que tas agradeço como um pedinte de leitores agradece a leitura-moeda que lhe cai, metálica, na metálica lata recipiente.

Amar de menos desertifica-nos a alma. Amar de mais mortifica-a e dissolve-a. Amar simplesmente é a nossa demanda impossível.

Beijo leitor

PALAVROSSAVRVS REX

Dalaiama disse...

Há um certo grau de vulnerabilidade ou conflito na expressão da nossa identidade, na relação conosco próprios e com os outros. Na minha opinião, devemos aceitar essa vulnerabilidade, simplesmente, sem pressões sobre nós próprios, sem que isso nos paralise. Viver um sentimento de culpa não ajuda. Ninguém é tão responsável pelas coisas como imagina. Não é justo massacrarmo-nos. Todos temos direito a encontrar a Paz tranquila.
É o que lhe desejo, que encontre a merecida Paz!
;-)

Dalaiama disse...

Acrescento que às vezes não deixo comentários aqui porque (admito o meu impasse) não sei mesmo o que dizer. Mas frequentemente apetece elogiar as imagens dos posts.
Este papel amachucado por exemplo.
Se a nossa existência fosse uma folha de papel, eu acho que construiria uma aviãozinho e pintá-lo-ia às cores. :-)
beijinho cibernético.

zé pinho disse...

bem... quem és tu rita? é assustador a descrição que fazes... parece que estou a ler algo escrito por mim, se é que não escrevi já algo assim!!! ufff!

a tua relação durou qto tempo e terminou qd? se é que posso/devo saber...

estou deveras impressionado... numa palavra: ko!!!

beijo

zp | 080523