terça-feira, 1 de abril de 2008

PORTO




Duas cidades tão próximas, duas realidades tão diferentes. Porto, uma cidade com alma e espírito gigantes, que alimenta vivamente todas aquelas pessoas tão diferentes, tão iguais que deambulam frenéticamente pelas ruas da cidade, imprimindo um dinamismo e uma cor que altera as tonalidades acinzentadas que contornam cada recanto de cada esquina que viramos.
Em cada esquina encontra-se uma cor, uma alma, um sorriso e uma voz alta e firme. Gente com garra e sangue nas guelrras, que não tem sangue de barata, e que bate o pé com aquela melodia linda sem olhar a quem.
Os olhares não se trocam, confrontam-se e dispersam-se com a mesma intensidade com que se encontraram.
As gargalhadas altas não ecoam, são tão somente absorvidas por outras gargalhadas e por pessoas que tentam vender o seu "peixe" em pequenas ruelas com tralhas e tralhinhas absolutamente deliciosas, com quem se troca uma palavra e eventualmente uma conversa para uma tarde inteira.
Uma cidade que nos preenche, que nos acolhe e que nos ama como realmente somos, onde o gorro não é sinónimo de doença ou toxicodependência, óculos gigantes não são sinónimo de alguém que tenta esconder as olheiras que a noite passada provocaram, que sapatilhas não são sinónimo de desleixe mas sim de conforto e estilo próprio, em que usar pirecings não é sinónimo de irresponsabilidade, e em que um meter de conversa não é um sinónimo de um convite a algo mais.
Também no Porto tudo isto deve existir...mas a minha experiência, esta experiência foi absolutamente sorridente, pela serenidade que me imprimiu, pela certeza, confirmação de que existem pessoas que correm pela vida e na vida pelos seus sonhos sem olharem a impossibilidades, sorrisos que escondem desgraças que pelo menos por instantes são relegadas para segundo plano, porque a vida é para ser vivida com as forças que temos, com a dignidade que temos, com toda a alegria que temos. Porque a felicidade, essa está nos pequenos pormenores, naqueles que nem nos apercebemos, mas se no final do dia, o espremermos são essas coisas que ficam no pensamento.
Venha mais PORTO CARAGO!!!

3 comentários:

Maria Cota disse...

"Quem vem e atravesssa o rio..." Esse belíssimo "Porto sentido" de Rui Veloso e Carlos Tê sintetiza bem a identidade da invicta, sempre altiva e com muita vida a fervilhar-lhe nas veias!
No Porto, sentimo-nos vivos, despertos, estimulados pela veracidade das vivências, pela franqueza dos diálogos e até dos palavrões que lá até soam delicados!
O Porto é mesmo uma "naçón", carago!

Mil beijinhos
Mary Cota

p.s. ah e viva o FCP!!!! Desculpa, é basicamente indissociável e inevitável;)

Dalaiama disse...

A menina da fotografia sorri abençoada pelo anjo de luz que lhe pousou na testa! :-)

Dalaiama disse...

Eu acho que os anjos são aquilo que nós necessitarmos e quisermos. Podem assumir a forma de uma luz, de um sorriso amigo, de um fogo morno, de uma chuva doce, de uma árvore aberta para o céu...
Os anjos guardam-nos com bondade.
No momento certo, sempre guiam a nossa intuição, aquela voz silenciosa que nunca se engana.
Sobre a possibilidade de nos perdermos, se uma pessoa não se perde um pouco, como é que depois pode dizer que se encontrou?
Estamos sempre seguros, há sempre um sentido sereno nas coisas, mesmo quando seguimos por caminhos invisíveis.
É aquilo em que acredito.
:-)