quarta-feira, 13 de agosto de 2008

PALAVRAS3PONTOS


E tudo porque recentemente me apercebi que tenho o hábito de colocar um ponto final no final do meu nome. Sim no final, escusado teria sido referir, mas como sempre tive uma relação mal resolvida com a pontuação...podia dar-se o caso de ser no meio...enfim...

Tenho especial atracção pelas reticências. Com elas tudo é possível, tudo é infinito, eterno e ao mesmo tempo termina quando a nossa imaginação assim o ditar, ou não, simplesmente dão-nos a possibilidade de deixar no ar. Deixar no ar é absolutamente maravilhoso, delicioso, lindo só de pensar nas possibilidades que nos passam logo pela cabeça.

Acordei a pensar em letras e palavras, rabiscos e peças, histórias e contos...coisas sem nexo, outras demasiado pequenas, outras impossíveis de resumir. Veio a pontuação, acho piada às pessoas que gesticulam as aspas, com os dois dedinhos de cada mão, imagino logo o ponto de interrogação, exclamação...nada com real interesse mas que de manhã pelos vistos preenche a minha mente.

Há quem goste de virgulas e mais virgulas, ainda me confundem mais as pessoas que fazem uso de ponto e virgula como se de um ponto final se tratasse, falo da frequência do uso, há também aquelas que colocam travessões...bem e por aí fora, há toda uma panóplia de símbolos estranhos aos quais fomos desde sempre habituados a usar, quanto a mim, como queremos.

Há quem argumente a pontuação, ou quem a defenda acérrimamente. Sim, já me aconteceu não perceber à partida algo por ausência de pontuação, ainda assim preferível à pontuação mal feita.

Não que exista uma correcta, mas como seres de hábitos cedo nos colocamos dentro das balizas convencionais.

- Pontuação?!...incorrecta; há quem o diga, mas citando X: "Blá...blá (...) blá."

Um pequeno exemplo do que eu não gosto de fazer.

Eu gosto de escrever, ler fluidamente e parar quando assim o desejar, voltar atrás se necessário para entender, e se tiver paciência talvez corrigir, não é assim que vivemos? É assim que eu escrevo, escrevo como vivo, escrevo como falo. Escrevo acima de tudo para mim, para alguém, essencialmente exponho passos de dança numa quase coreografia que até acaba por ficar bonita.

Mas não é a beleza que procuro, muito embora só consiga sobreviver a este caos rodeada dela, é a única coisa que peço, beleza. Não se precipitem com juízos de valor apressados ao associarem a beleza ao mundano...

O que eu procuro é a verdade das palavras, a verdade cobre-se de pureza e da nossa cor favorita, envolve-se de uma paz e de um amor infinitos, delicia-se com um doce sabor amargo, às vezes pica, às vezes faz sorrir.

A verdade no sentido literal de palavra, é/há só uma.

E só essa nos toca.

Para quê a pontuação...

2 comentários:

Ana Bela Cabral disse...

Interessante esta reflexão sobre a pontuação... Partilho a atracção pelas reticências... Ponho em causa algumas regras de pontuação... Já me aconteceu desistir da leitura de um livro por excesso de pontos de exclamação(!)... Que poluição... O ponto final a seguir ao nome não deixa de ter a sua lógica... Beijo!

Maria Cota disse...

Gostei particularmente da interrogação final do texto...sem ponto de interrogação, em jeito de doce subversão gramatical!
Adoro reticências e vírgulas, muitas vírgulas, em frases que se atropelam avidamente e que parecem não ter fim!...

beijinhos mtos:)
Mary