sexta-feira, 29 de maio de 2009

1 de Junho


Parece que só agora fui à janela e se calhar só agora fui realmente à janela.
Está calor, está sol, está quente...não que eu não soubesse, mas acho que não sabia.
Que necessidade de inspirar aquele ar todo de uma só vez, absorver aqueles pedaçinhos partidos todos, numa tentativa de colá-los e senti-los em toda a perfeição como se tivesse sido ontem que tivesse sido assaltada por uma certeza de felicidade futura. Que bom! Que maravilha! Nem poética consigo ser, os pensamentos, as memórias, as recordações são mais rápidos que os dedos, novamente de unhas pintadas precisamente da mesma cor de outrora, cortadas de forma igual sem o pedido ser feito. Isto é arrepiante, olhei-me agora mesmo e estou vestida de maneira igual...que raio de altura para recordar, que raio de altura para dizer por esta altura no ano passado, alguém magicava por mim e de dentro para fora me conhecia e se dava a conhecer.
Ambos prometemos que ia ser desta que iamos ser plenamente felizes e que ninguém mais nos ia fazer chorar, ano novo para os dois altura em que iamos com forças unidas concretizar os nossos sonhos de independência...projectámos românticamente com amor sentados na relva, a fumar um cigarro, ou simplesmente a aproveitar a arajem num sitio qualquer para nos secarmos do calor abafado da tarde.
Mas o brilho nos olhos denunciava que não iamos ficar por ali e à noite iriamos ouvir os grilos juntos e ouviamos, quando eu não adormecia no colo apaziguador de qualquer mágoa que o meu coração pudesse conter.
Jantava à pressa e desejava que amanhacesse rápido para ter tudo aquilo outra vez e outra vez, até o meu coração ficar em deslumbre, como ainda está. Encantado. Como já estiveste uma vez pelo meu ser, aqo qual davas festas durante o sono apenas para me guardar dos maus sonhos, ou fosse do que fosse.
O cheiro a gasolina, a batatas fritas...o chá e o descafeínado...as palavras soltas e o tanto a contar e tantas promessas soltas.
- "Foi no dia 30 ou 31!"
- "Não, foi no dia 1!"
E assim ficou no dia 1, o dia da criança, foi aí que descobrimos juntos que ainda havia uma criança dentro de nós pronta para amar.
Não fomos iguais a nada, não fomos convencionais em nada.
A verdade imperou.
Fomos diferentes e somos.

Sem comentários: