sexta-feira, 8 de setembro de 2006

BATER À PORTA


Bato à porta sem cessar e de cada vez que bato esqueço-me da última vez que bati...deveria antes recordar, talvez para não bater mais, a porta não abre, sempre assim foi, sempre será, não sei qual é o meu espanto.
Espanto-me sempre, não me canso de me espantar, espero sempre que a situação se inverta e por algum motivo que no momento desconheço eu aceite essa inversão com confiança e acima de tudo com amor.
Com amor...esse existe, está lá, mas tão ferido por tantas e ao mesmo tempo pequenas palavras que para todo o sempre vão marcar a diferença..."ditas da boca para fora?", talvez nada seja dito ao acaso, ainda que esse nada surja simplesmento por mero acaso. Se as palavras nos saem da boca, essas palavras, saem-nos do coração, da cabeça...qual a diferença? Não as pensamos? Desconfio que nem cientificamente tal é possível, ou então, basta ler Freud e as suas célebres teorias dos famosos "recalcamentos".
Engraçado, agora lembrei-me, que bastou o facto de me sentir "íntima" de quase todos os filósofos, para fugir, para me afastar, para não querer saber, talvez pelo forte medo das palavras, daquelas que nunca diremos, porque em todos nós existe um lado obscuro, o qual renegamos, porque o conhecemos é óbvio...

3 comentários:

Maria Cota disse...

Dizem que "sempre que se fecha uma porta, outra se abre de imediato." Não sei se esta aritmética será sempre assim tão infalível,mas, na vida, é bom fechar e abrir portas.
O mais assustador não são as portas que se abrem para fora, mas as que se abrem para dentro de nós e cuja chave mais ninguém tem...

Adorie este texto! Veio mesmo desses compartimentos remotos...;)

Beijinhos muitos da
Mary

Tenho saudades dos nossos cafés, das nossas conversas e de "abrir a porta" do riso!!

Paulo disse...

Já foi há muito tempo que bati à porta deste blogue...tive até resposta (comentário). Tenho saudades...lol..nada de grave.

Sorry
Beijos.
Paulo

Paulo disse...

Em 1º Lugar, obrigado pelo "sentido" comentário.
Não tenha medo das palavras!!!
O obscuro, que renega, não será,necessariamenre, inultrapassável...
Sigmund Freud : «Um acto psíquico passa geralmente por duas fases, dois estados entre os quais está intercalada uma espécie de censura. Na primeira fase, o acto psíquico é insconsciente e pertence ao "sistema inconsciente"; se for desviado pela prova a que a censura o submeteu, é-lhe recusada a passagem à segunda fase: diz-se então que é "recalcado" e deve necessariamente permanecer no inconsciente. Mas se passar naquela prova, entra na segunda fase e pertence doravante ao segundo sistema a que decidimos chamar "sistema consciente"».

Agora o que importa mesmo é saber lidar com isto sem "prisões" e/ou "amarras"..porque a vida, essa..., também tem direito à liberdade e ao arco-íres....dos encantos...
Há sempre uma porta pela qual se podem "abrir" todas as cadeias...muitas vezes, é certo, a porta está mesmo ali, ao alcance de uma mão...mas, na verdade, é necessario olhar..., né?


Beijos
Paulo