quinta-feira, 24 de agosto de 2006

PALÁCIO


Sou uma princesa, não ligo ao facto de o ser, nem sei o que é ser-se princesa, talvez porque nunca deixei de o ser, mas esse pensamento não me ocorre, não se entranha, porque só tenho olhos para uma única coisa.
Não gosto dos meus pais, não os conheço...ou prefiro não conhecer, talvez o elemento chave para se ser uma princesa de verdade, ser carente como as outras...humilde porque necessita do que ninguém alguma vez sonhará que ela pudesse um dia necessitar...incompreendida...
É Outono, faz frio lá fora, não mais do que no palácio...grande e gélido, mas bonito, preeenchido de armaduras, veludos, corredores labirinticos, falsas portas, mil esconderijos, mil artimanhas, velas...muitas
velas...espalhadas pelas paredes forradas de papel, como o meu quarto.
Estou sentada na minha cama, a balouçar os pés, é alta e dura, com muitas almofadas e poucos lençóis.
Olho pela janela embaciada, estão árvores, grandes, fortes, com tons quentes, tons suaves...que abanam e abanam deixando cair as suas folhas amarelas...como quem estivesse a dizer um suave adeus de reconforto.
Não se ouve nada, apenas o vento, adoro o vento, a entrar pela janela...os cavalos relincham...talvez se aproxime uma tempestade.
Sei que todos os compartimentos estão ocupados, e isso basta-me.
Amanhã irei tocar violino para o meu amor, e iremos dançar apaixonadamente, talvez casar...com o meu vestido de renda beje brilhante...talvez naquela pequena capela, naquele pequeno monte...

1 comentário:

Anónimo disse...

Fique bem saliente que o amor dela sou eu, e mais ninguém! Este é um daqueles sentimentos de posse que pode degenerar em grande violência física e dor corporal para qualquer abichanado que demonstre não compreender perfeitamente esta mensagem! Tenho dito