Ela estava a chorar...não ouviu os seus passos, silenciosos, suaves, macios como sempre. Olhava o vazio com uma profundeza inquitetante, com uma serenidade gélida, de quem por mais nada espera, de quem por tudo já espera.
Não quer saber do sol lá fora, ele brilha mas não a aquece, nunca a aqueceu, nunca fora o suficiente para fazer dos seus dias, dias luminosos, pelo contrário, traziam-lhe à memória, memórias perdidas, guardadas num coração impossível de colar, num coração gasto, sofrido de amar.
Chorava tempos idos, chorava os sorrisos, as gargalhadas que outrora teve vontade de soltar e não soltou, chorava os momentos não vividos, os momentos parados, chorava por ele.
Os passos percorriam na escuridão a desarrumação de uma vida inteira de impaciência, indiferentes ao espaço procuravam apenas um local para ficar, ficar para o resto da eternidade...ela não os ouvia, não conseguia, já há muito...embora já há muito esses não tivessem saído do mesmo local, mas ela não via, não queria...
Fechou os olhos e deitou-se na cama, encolhida, coberta de cobertas encarquilhadas, guardadas nos armários de sempre, com o cheiro de sempre, doce, um cheiro de amor, inalando com a pressa de quem tem de respirar para sobreviver...
Não sabia onde estava, tudo estava mudado, mas tinha a certeza de que ela estava lá, sentia-a, ouvia os seus soluços...e a sua vontade de a abraçar aumentava, passo a passo, degrau a degrau, esquina a esquina, corria sofrego à procura do que deixou para trás sem saber como, sem se perceber a si mesmo, tropeçava como tinha durante tantos anos tropeçado com a diferença que agora tinha decidido continuar, independentemente de tudo, indiferente à dor...
Uma músia começa a ecoar bem lá no fundo, ambos a ouvem, ambos a dançam sozinhos mas acompanhados como sempre, perdem-se no tempo, a mente não sossega, não pode sossegar, voa...ambos querem voar...quando se chocam...
Dois olhares penetretantes cortam o silêncio dilacerante que corrói a velhice das paredes, a velhice dos objectos, o cheiro...esse, está agora mais vivo que nunca, já não é preciso fechar os olhos. Ele toca-lhe no rosto...Ela sorri...O toque é forte, prolongado, insistente, desenfreado, louco...
A sensação de paz é imensa, a felicidade tinha voltado, não precisava de mais nada, nem de comida, nem de água...apenas mais uns tempos de vida para se recordar daquele sonho...
Sonho que a iria manter acordada até na exaustão poder adormecer de novo, sem medo, sem medo de não sonhar...
Não quer saber do sol lá fora, ele brilha mas não a aquece, nunca a aqueceu, nunca fora o suficiente para fazer dos seus dias, dias luminosos, pelo contrário, traziam-lhe à memória, memórias perdidas, guardadas num coração impossível de colar, num coração gasto, sofrido de amar.
Chorava tempos idos, chorava os sorrisos, as gargalhadas que outrora teve vontade de soltar e não soltou, chorava os momentos não vividos, os momentos parados, chorava por ele.
Os passos percorriam na escuridão a desarrumação de uma vida inteira de impaciência, indiferentes ao espaço procuravam apenas um local para ficar, ficar para o resto da eternidade...ela não os ouvia, não conseguia, já há muito...embora já há muito esses não tivessem saído do mesmo local, mas ela não via, não queria...
Fechou os olhos e deitou-se na cama, encolhida, coberta de cobertas encarquilhadas, guardadas nos armários de sempre, com o cheiro de sempre, doce, um cheiro de amor, inalando com a pressa de quem tem de respirar para sobreviver...
Não sabia onde estava, tudo estava mudado, mas tinha a certeza de que ela estava lá, sentia-a, ouvia os seus soluços...e a sua vontade de a abraçar aumentava, passo a passo, degrau a degrau, esquina a esquina, corria sofrego à procura do que deixou para trás sem saber como, sem se perceber a si mesmo, tropeçava como tinha durante tantos anos tropeçado com a diferença que agora tinha decidido continuar, independentemente de tudo, indiferente à dor...
Uma músia começa a ecoar bem lá no fundo, ambos a ouvem, ambos a dançam sozinhos mas acompanhados como sempre, perdem-se no tempo, a mente não sossega, não pode sossegar, voa...ambos querem voar...quando se chocam...
Dois olhares penetretantes cortam o silêncio dilacerante que corrói a velhice das paredes, a velhice dos objectos, o cheiro...esse, está agora mais vivo que nunca, já não é preciso fechar os olhos. Ele toca-lhe no rosto...Ela sorri...O toque é forte, prolongado, insistente, desenfreado, louco...
A sensação de paz é imensa, a felicidade tinha voltado, não precisava de mais nada, nem de comida, nem de água...apenas mais uns tempos de vida para se recordar daquele sonho...
Sonho que a iria manter acordada até na exaustão poder adormecer de novo, sem medo, sem medo de não sonhar...
2 comentários:
Belo texto que flui levemente pelas cálidas águas da língua. As palavras sucedem-se, atropelam-se, interpelam-se, numa corrente de consciência verdadeiramente estimulante.
Fica-se sedento de mais textos.
Beijinhos
Mary
para que não restem dúvidas, ela é a MINHA namorada! Não é lá mt bonita, eu sei, mas... mas até escreve bem e ninguém é perfeito! Aqui fica então o aviso!
Enviar um comentário